Os capítulos 5 e 6 do livro de Jó mostram duas “falas” muito diferentes. O contraste entre Elifaz (5.27) e Jó, nos primeiros versículos do capítulo 6, é gritante. Para Elifaz, “tudo vai dar certo”. Somos tentados a acreditar que a descrição de Elifaz do amor e do cuidado de Deus seja certa. Em resumo, ela afirma que “tudo vai dar certo para os que creem”. De novo, é a teologia da prosperidade: Deus deseja riquezas e saúde para o povo dele. E quem não as tem, está em pecado.

Simplesmente não é isso o que a Bíblia diz. O que dizer dos fiéis que sofrem perseguição e perdas em países que não toleram a fé cristã? O que dizer dos desastres naturais que arrastam multidões, inclusive cristãos, para a morte?

Não me entenda mal. Deus quer nos abençoar. Mas a Bíblia é clara: a nova vida em Cristo também nos leva a trilhar o caminho da cruz. Sofremos por razões que desconhecemos. A Bíblia descreve Deus como um oleiro que nos molda e também como um ourives que nos trata como ouro e nos queima para nos purificar. Nem sempre “tudo vai dar certo” a não ser no sentido de que no Dia Final não haverá mais entre nós a tristeza, a injustiça e a dor. Sim, em última análise, essa é uma afirmação consoladora, mas não nos diz nada a respeito do que teremos de passar para chegarmos lá.

A resposta de Jó foi mais correta que a tentativa de consolo de Elifaz. De fato não somos fortes como a pedra ou feitos de bronze (6.12). E uma pessoa desesperada merece a compaixão dos seus amigos (6.14), não o dedo acusador ou palavras vãs como “tudo vai dar certo”.

* Bom dia!!*