Primeira turma de Educação Indígena EAD do Brasil se forma em Frederico Westphalen - Agora Já -

Primeira turma de Educação Indígena EAD do Brasil se forma em Frederico Westphalen



Curso teve foco específico na cultura kaingang pelo fato deste ser o povo mais numeroso na região

Foto: Solenidade graduou uma turma de 26 novos professores Mariana Marçal / UFSM Frederico Westphalen/Divulgação
22 de abril de 2024

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) formou a primeira turma do curso de Licenciatura em Educação Indígena, no campus de Frederico Westphalen, no norte gaúcho. A solenidade graduou uma turma de 26 novos professores na noite de sexta-feira (19). Este é o único curso de Educação Indígena com oferta Ensino à Distância (EAD) do Brasil.

A formação teve foco específico na cultura kaingang, pelo fato deste ser o povo mais numeroso na região. Foram atendidos alunos de cinco aldeias, com aulas ministradas na modalidade de EAD, nos polos da universidade em Tapejara, Palmeira das Missões e Três Passos.

— O que vivemos é um marco para os professores indígenas, principalmente por ter uma formação específica para eles, respeitando seus aspectos culturais e sua forma de aprendizado. Foi um desafio, mas agora celebramos um momento histórico para a região e todo o Brasil — comenta a coordenadora do curso, Aline Passini.

A graduação aconteceu em uma data simbólica: no Dia dos Povos Indígenas, comemorado em 19 de abril. Por isso, os estudantes fizeram questão de manter suas tradições e subir ao palco para colar grau com adereços que reforçam suas culturas.

Maioria já lecionava de maneira informal

Entre os alunos, a maioria já lecionava de maneira informal, sem formação. Agora, eles poderão atuar de maneira legítima e trabalhar nas escolas indígenas de suas comunidades.

Denilson Karinh Mag Vicente é um dos recém-formados. Ele vem da Terra Indígena Guarita, localizada entre os municípios de Redentora e Tenente Portela e considerada a maior comunidade indígena do RS, com cerca de 23 mil hectares. Segundo ele, a abertura do curso à distância facilitou para que pudesse estudar sem ficar longe da família.

— Eu sou professor e supervisor na Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Davi Rigso Fernandes. Havia passado em um curso no campus de Santa Maria, mas seria difícil. Assim, frequentei as aulas de casa, e com apoio das lideranças, tudo foi se ajeitando. Agora, quero trabalhar e transmitir o que aprendi para garantir uma educação de qualidade ao nosso povo — disse.

Da mesma comunidade, Daniela Sales completou sua segunda graduação na sexta-feira. Graduada em Letras, ela atua como vice-diretora da Escola Davi Rigso Fernandes e vê o curso como uma conquista dos povos indígenas.

— Termos a oportunidade de fazer uma graduação numa universidade renomada é grandioso. Estamos vivendo um processo de conquista e de luta por autonomia e a oportunidade de uma licenciatura é uma conquista. Isto coroa uma luta dos nossos antepassados, que derramaram sangue para que estivéssemos aqui — resume Daniela.

Fonte : GZH 
Foto : Mariana Marçal / UFSM Frederico Westphalen/Divulgação

Colação ocorreu na noite de sexta-feira (19)
Eliane Pereira dos Santos / Arquivo Pessoal


(55) 3375-8899, (55) 99118-5145, (55) 99119-9065

Entre em contato conosco

    Copyright 2017 ® Agora Já - Todos os direitos reservados