Seis dos 10 municípios do RS com mais casos de dengue têm esgoto precário - Agora Já -

Seis dos 10 municípios do RS com mais casos de dengue têm esgoto precário



Pelo menos 40% dos domicílios não recebem o serviço de forma adequada

Foto: A ausência de saneamento básico adequado tem relação direta com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, diz pesquisador Diego Vara / Agencia RBS
28 de fevereiro de 2024

Dos 10 municípios gaúchos com mais casos de dengue, seis não têm saneamento básico adequado em toda ou parte da cidade. Nesses locais, pelo menos 40% das casas não recebem o serviço de forma correta.

A informação tem como base os dados do Censo Demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), referentes ao número de domicílios com esgotamento sanitário. O órgão classifica esgoto precário como fossa rudimentar ou buraco, vala, rio, lago ou córrego e sem banheiro ou sanitário.

Em Tenente Portela, município com 14,5 mil habitantes com mais casos de dengue no RS, recebe 41,85% do esgoto de forma inadequada. Enquanto isso, Três Passos, com 25 mil habitantes, é a quarta cidade em número de casos, e tem 61,6% dos domicílios com esgoto precário.

No sexto lugar com mais transmissões de dengue, Barra do Guarita, de cerca de três mil habitantes, apresenta esgoto inadequado em 90,3% das casas, segundo os dados do IBGE. Em Frederico Westphalen, município que registrou a oitava morte por dengue no RS em 2024, 25% das residências não cumprem os requisitos de esgotamento adequado.

Os dados têm como base as informações divulgadas pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) na terça-feira (27).

A relação entre dengue e saneamento básico não se dá ao acaso. Segundo o diretor do Sindicato dos Engenheiros do RS (Senge) e engenheiro químico, Eduardo Barbosa Carvalho, a ausência de saneamento básico adequado tem relação direta com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika vírus e febre chikungunya.

Carvalho afirma que, sem uma rede de esgoto adequada que ofereça água em quantidade e qualidade necessárias, resta à população o acúmulo do recurso em reservatórios muitas vezes impróprios.

— O saneamento tem quatro vertentes importantes, que impactam na dengue: a oferta de água, o esgotamento, a gestão de resíduos sólidos e a drenagem urbana. Sem acesso à água, as pessoas tendem a reservar em casa, para ter acesso durante alguns dias. Isso gera água parada, então quanto mais casas com água encanada, como conhecemos popularmente, menos iniciativas assim nós teremos — pontua o especialista.

Papel dos municípios

A ausência de saneamento também gera esgoto a céu aberto, nas calçadas e ruas, assim como valas em terrenos baldios — cenário ideal para criadouros do mosquito, que pode colocar de 150 a 200 ovos de uma só vez. Se a fêmea estiver contaminada pelo vírus, os insetos transmitirão a doença ao completarem seu ciclo evolutivo.

— Por vezes, o próprio município faz a gestão de água e esgoto ou por meio de associações, e isso é feito de maneira mais rudimentar. Mas, independente da prestadora de serviço, a responsabilidade de gestão do saneamento é da prefeitura. Cabe ao gestor municipal fazer valer o contrato com prestador ou ter a condição de fazer o saneamento. Além disso, cabe à sociedade e seus órgãos de controle fazer a fiscalização e buscar soluções — destaca.

O Marco Legal do Saneamento Básico (lei nº 14.026/2020), estabeleceu como meta de atendimento de 99% da população com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgotos até 2033.

Fonte : GZH 
Foto : Diego Vara / Agencia RBS

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