Rio Grande do Sul está fora da lista dos Estados atendidos pela vacina Qdenga pelo SUS
Nas quatro primeiras semanas de 2024 já foram registrados 1.595 casos de dengue no Rio Grande do Sul. No mesmo período de 2023, foram 88. O aumento representa um número 18 vezes maior entre um ano e o outro, de acordo com dados do Painel da Dengue da Secretaria de Saúde do Estado. Segundo o balanço, o RS conta, nesta terça-feira (30), com 1.622 confirmações, o que representa um aumento de 27 casos nos últimos três dias.
— Estamos antecipando a maior incidência de casos. É o primeiro ano em que temos esse crescimento desta forma. Normalmente o mês de abril tem sido o pico, mas acreditamos que pode ter sido antecipado por causa do que estamos vivendo agora — explica a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do RS, Tani Ranieri.
Conforme Tani, o Estado conta com muitos municípios infestados, além dos eventos climáticos que o RS está enfrentando, com calor excessivo e chuva. Com isso, o acúmulo de lixo registrado em algumas cidades acaba propiciando o crescimento da criação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
— Hoje o panorama do Estado é de maior concentração (de casos) no Noroeste, com divisa com Santa Catarina. Não temos uma incidência generalizada, mas estamos em um período de crescimento. Acreditamos que será um ano bem difícil — completa.
Ainda no fim do ano passado, o Ministério da Saúde (MS) anunciou a incorporação da vacina da dengue ao SUS e a ministra, Nísia Trindade, afirmou que o novo imunizante iria começar a ser aplicado em fevereiro deste ano. Na quinta-feira (25), o Ministério da Saúde anunciou os Estados e municípios que receberão as primeiras doses da vacina e o RS está fora da listagem.
— O MS teve que eleger alguns critérios, como os municípios com maior incidência e de faixa etária jovem. O RS não se enquadra nesta situação, pois não temos, neste momento, uma concentração em crianças e adolescentes — comenta a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica.
Segundo Tani, a iniciativa terá impacto a médio e longo prazo. Para um trabalho mais amplo contra a doença, seria necessário um combate ao mosquito transmissor, além da sensibilização da sociedade.
— Costumo dizer que um gestor de saúde bem organizado, salva mais vidas do que o intensivista. Pois, se está organizado com locais de referencias para tratamento, uma equipe atenta para um diagnóstico, trabalho de prevenção, certamente teremos uma redução de casos graves.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou nas quatro primeiras semanas deste ano mais de 217 mil casos de dengue. O número é mais do que o triplo de notificações do mesmo período em 2023, quando registrou 65.366. O balanço do MS ainda aponta para 15 mortes pela doença neste ano. Ao menos 149 óbitos seguem em investigação.