Artista nacional chegou a ser contratado para tocar para poucos convidados; cerca de 30 pessoas são investigadas por receber valores desviados
Uma mulher suspeita de desviar, ao longo de cinco anos, R$ 10 milhões de uma empresa para a qual ela prestava serviço foi presa em operação policial na manhã desta quarta-feira (20). Segundo as investigações da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), ela cometeu mais de 300 furtos no período, se aproveitando da confiança que possuía da dona da empresa.
Na ação, foram cumpridos ainda 57 mandados de busca e apreensão em três estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Durante a tarde, a Polícia Civil ainda realizava diligências e ouvia as cerca de 30 pessoas investigadas por envolvimento no esquema.
A Polícia Civil não divulga o ramo da empresa lesada, mas afirma que, por conta da atividade, a vítima contava com uma equipe de profissionais devido à complexidade das operações. A principal investigada se aproveitou desta condição para realizar transferências para contas pessoais e de pessoas vinculadas a ela.
Ao longo da investigação, que começou em agosto de 2023, a Polícia Civil descobriu que o núcleo familiar e amigos próximos tiveram um acréscimo de patrimônio incompatível com o padrão de vida anterior e com as atividades profissionais lícitas. Nesse período, os investigados adquiriram estéticas, lojas de semi-joias, empresa de transporte e de eventos.
A mulher presa na ação também passou a manter padrão de vida luxuoso, com festas em camarotes e eventos privados. Em um dos casos, houve a contratação de um artista nacional que tocou para poucos convidados numa casa recém-reformada. Artistas locais também eram contratados com frequência.
Mais de R$ 170 mil em espécie foram apreendidos, juntamente com três armas de fogo, bebidas destiladas de alto valor, produtos de qualidade para tratamento em salões de beleza, eletroeletrônicos, artigos de luxo e decoração, somando um valor aproximado de R$ 400 mil.
A Polícia Civil apurou que, ao ser descoberta por colegas, a investigada apresentou atestado médico e se afastou do trabalho. Ela também passou a ameaçar funcionários que estavam verificando as inconsistências financeiras no caixa da empresa.
O diretor da Delegacia Regional de Canoas, delegado Cristiano de Castro Reschke, afirmou que as investigações seguem para garantir o ressarcimento dos valores.
— As investigações prosseguem no intuito de responsabilizar todos os coautores, bem como para ressarcir o prejuízo das vítimas. Ainda há muito trabalho, são dezenas de partícipes, mas estamos no caminho certo e a grande maioria já está identificada e sofrendo as consequências do processo criminal — afirmou o delegado.