Dos 497 municípios gaúchos, 181 ainda têm estações ativas
Com diminuição de linhas e evasão de passageiros, oito estações rodoviárias do Rio Grande do Sul encerraram suas atividades em 2023, conforme o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Destas, cinco estão na Região Norte: Espumoso, Gramado dos Loureiros, Novo Machado, Redentora e Ronda Alta.
A redução na procura pelas viagens de ônibus é um cenário que começou há cerca de 10 anos, mas se agravou durante a pandemia. Segundo o presidente do Sindicato de Agências e Estações Rodoviárias do Rio Grande do Sul (Saerrgs), Gustavo de Oliveira Pavin, a queda nas vendas de passagens chegou a 85% na pandemia. Desse total, apenas 30% foi recuperado no período após a crise sanitária.
— Com a pandemia, o que já estava difícil ficou desastroso. Com as restrições, não se conseguia vender todas as passagens, e aí tivemos que diminuir as linhas. Muitas estações não aguentaram e as que continuam funcionando têm empréstimos. Infelizmente lutamos apenas para diminuir as perdas, e não voltar a ser o que éramos.
Um dos principais diagnósticos para a baixa procura dos passageiros é a concorrência com os aplicativos de carona, que disponibilizam viagens pela metade do preço das passagens e duração menor.
— Temos sofrido bastante com os aplicativos. É uma concorrência desleal, pois não há concessões ou licitações pelo Estado. Eles usam até as estruturas das rodoviárias, mas não é cobrado taxa de fiscalização — avalia Pavin.
Atualmente, dos 497 municípios gaúchos, 181 (ou 36%) têm estações rodoviárias, segundo levantamento do Daer. As que ainda estão em funcionamento reduziram o número de funcionários e passaram a funcionar com pelo menos metade do quadro, conforme o Saerrgs.
Das oito cidades que encerraram as atividades neste ano, apenas Ronda Alta tem processo em tramitação para torná-la uma agência rodoviária. Neste modelo, o Daer não exige a existência de box para os ônibus e o local passa a funcionar como um ponto de embarque, onde há venda de passagens e entrega ou retirada de encomendas.
Nas demais cidades, é delimitado um local para que os passageiros esperem pelo transporte e a passagem é comprada diretamente com o cobrador ou motorista.
— Percebemos que, nessas comunidades onde a rodoviária encerrou, o pessoal ficou desamparado. Não há onde buscar informação de horário ou onde pegar, esperam na chuva e acabam recorrendo ao sindicato. Estamos em contato direto com o poder público para resolver isto de alguma forma, pois é um serviço essencial para as comunidades, econômica e socialmente — finaliza.