Um dos responsabilizados no inquérito policial é o primo da vítima, que está preso desde 13 de julho por suspeita de participação no brutal assassinato
A 1° Delegacia da Polícia Civil de Alegrete concluiu o inquérito sobre a morte da enfermeira Prisicila Ferreira Leonardi, 40 anos, e indiciou cinco pessoas pelos crimes de extorsão duplamente qualificada (restrição de liberdade e resultado de morte) e ocultação de cadáver.
A delegada Fernanda Graebin Mendonça, responsável pelo caso, atribuiu a Emerson da Silveira Leonardi, primo da vítima, a condição de mandante e autor intelectual do assassinato. Ele está preso desde 13 de julho por suspeita de envolvimento no caso. GZH fez contato com a defesa de Emerson, que não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Dos outros quatro indiciados, três foram presos a pedido da Polícia Civil, que não informou a situação do quarto homem. Os nomes deles não foram divulgados, nem as datas das prisões, mas a polícia anunciou a conclusão do inquérito na noite desta terça-feira (10). Conforme a investigação, todos os indiciados têm envolvimento com facção criminosa de Alegrete.
De acordo com a polícia, na noite do desaparecimento de Priscila, o primo teria contatado os demais indiciados para executar um plano que consistia em constranger a vítima para que ela transferisse valores de suas contas para os criminosos. O mandante teria acionado, por meio de um apenado da Penitenciária Modulada de Uruguaiana, os comparsas para que buscassem a prima na casa dele, simulando uma corrida particular. Os executores pegaram Priscila, mas, durante a suposta corrida, sem conseguir que ela transferisse nenhuma quantia, teriam matado a enfermeira e ocultado o corpo.
A Polícia Civil não descarta a imputação de homicídio doloso, mas isso terá de ser verificado em diligências ainda pendentes. O inquérito segue agora para o Ministério Público, que terá de analisar as provas e decidir se apresenta à Justiça uma denúncia criminal contra os suspeitos.
Priscila morava desde 2019 em Dublin, na Irlanda, onde trabalhava como enfermeira em um lar de idosos. Ela regressou em 2023 a Alegrete, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, para resolver pendências do inventário do seu pai, Ildo, falecido em maio de 2020. Também estava em busca de documentos de ancestrais com a intenção de encaminhar a cidadania italiana. A enfermeira desapareceu na noite de 19 de junho, após sair da residência que fazia parte da herança dela, mas era habitada pelo primo. Priscila tinha ido ao local para buscar pertences de valor sentimental.
Depois do desaparecimento, o corpo foi encontrado em 6 de julho, em estado avançado de decomposição, preso a galhos à margem do Rio Ibirapuitã, em Alegrete. Havia sinais de espancamento e uma corda enrolada no pescoço da vítima. O exame de necropsia apontou asfixia como causa da morte. Ainda foi identificado traumatismo encefálico.
Priscila e o primo Emerson tinham disputas patrimoniais. No seu retorno ao Rio Grande do Sul, a enfermeira teria tomado conhecimento de que foram sacados R$ 167,7 mil da conta do seu pai em cheques,em 2020, nas últimas semanas antes da sua morte. As beneficiárias dos valores, em parcelas, foram a esposa do primo e uma outra prima, que hospedava Priscila em sua casa em Alegrete.
A enfermeira havia encaminhado a venda da casa que era do pai dela ao primo Emerson, mas ele não havia cumprido acordos de pagamento em duas ocasiões. Por isso, ela ingressou com processo judicial de cobrança de mais de R$ 200 milcontra Emerson no início de 2023. Esse era outro ponto de tensão na relação entre eles. O primo chegou a atuar como cuidador do pai de Priscila antes da morte dele.