Família alega que bacharel em Direito foi preso por engano em Pelotas; polícia diz ter provas em investigação sobre tráfico - Agora Já -

Família alega que bacharel em Direito foi preso por engano em Pelotas; polícia diz ter provas em investigação sobre tráfico



Matheus Araújo Chagas, 31 anos, foi detido em casa no dia 24 de agosto após 2ª Delegacia de Polícia do município deflagrar operação que deteve outras quatro pessoas

Foto: Maira Araújo Chagas / Arquivo pessoal
1 de outubro de 2023

Recém-formado bacharel em Direito e projetando iniciar estágio em conhecido escritório de advocacia em Pelotas, Matheus Araújo Chagas, 31 anos, teve uma reviravolta em sua vida, a qual atingiu também sua família. Ele foi preso em decorrência de uma investigação policial sobre tráfico de drogas no dia 24 de agosto e prossegue detido em caráter preventivo no Presídio Regional do município. A família, no entanto, sustenta que Matheus é inocente e teria sido implicado por equívoco nas investigações.

— Meu irmão é um homem honesto, esportista e comprometido com a família. Não usa drogas e jamais esteve envolvido com nada de errado. Foi preso em uma investigação em que a polícia se baseou em vídeos que fez enquanto observava um amigo que tem amizade com ele desde a infância. Eu levava os dois juntos para escola quando eram pequenos. Estamos impotentes, pedindo que revejam esta decisão, mas não estamos sendo ouvidos — conta Maira Araújo Chagas, 41  anos, irmã de Matheus.

Maira afirma que os pais, Mário Albano, 76 anos, e Cleuza, 62, estão arrasados. Matheus é quem os auxilia nas tarefas do cotidiano. A imagem do filho é de um jovem esforçado, prestativo e apaixonado por futebol. A família foi surpreendida pela ação de busca e apreensão ocorrida no mesmo dia em sua casa. Segundo ela, nenhum indício de crime foi localizado na residência.

Para a família, ele teria sido envolvido na investigação por ter relação de amizade muito próxima com o principal alvo das investigações, um homem da mesma idade de Matheus, que não teve sua identidade divulgada. A polícia, durante buscas na casa deste alvo investigado, apreendeu 1,5 quilo de cocaína, quatro quilos de maconha e duas balanças de precisão.

Em vídeos gravados pela polícia no curso das investigações, Matheus aparece em companhia deste investigado. Segundo a irmã, a família está sendo assistida por advogado e um pedido de habeas corpus foi feito em 1º de setembro, entretanto foi rejeitado pela Justiça.

— Ontem (28), minha mãe conseguiu visitar o filho dela pela primeira vez desde a prisão. Levou comida e roupas. Meu irmão pediu que levasse uma chuteira e um calção, pois ele já deu um jeito de praticar seu esporte favorito, mesmo que seja naquele lugar. Ele está na ala dos trabalhadores, conquistou a confiança da direção da cadeia e foi encarregado de auxiliar em serviços de administração, pois é educado e inteligente. Não é justo uma pessoa boa estar presa entre criminosos — desabafa Maira.

Polícia  efetuou indiciamento por tráfico e associação

O delegado César Nogueira, responsável pelas investigações que conduziram Matheus à prisão, afirma estar convicto de que a apuração realizada pelos agentes da 2ª Delegacia de Polícia de Pelotas foi precisa ao apontar a participação de todos os investigados. Cinco pessoas, sendo quatro homens e uma mulher, foram indiciadas por tráfico de drogas e associação criminosa.

— Temos provas robustas sobre a participação de cada um dos investigados. Estes elementos de comprovação estão no inquérito que foi remetido ao Poder Judiciário na última sexta-feira (dia 22 de setembro). Além da vigilância, estabelecemos a relação de compra e venda através da apreensão de 500 gramas de cocaína com um mulher que aparece em um dos vídeos entregando dinheiro e pegando a droga. Matheus estava no carro — aponta o delegado.

Nogueira diz que o tempo de permanência de Matheus em companhia do outro homem preso é “muito grande” para produzir a suposição de que ele não sabia sobre as atividades imputadas ao alvo da operação. Conforme Nogueira, o principal investigado está preso em Santa Catarina, pois, dias antes da operação em Pelotas, ele teria empreendido fuga para o Estado vizinho, após saber sobre a prisão por meio de uma pessoa que seria de suas relações.

— Fomos ao município de São José, na região metropolitana de Florianópolis, para prendê-lo.  Na busca que precedeu sua prisão, aqui em Pelotas, havia uma quantidade expressiva de entorpecente. Estamos falando de valor superior a R$ 45 mil reais. Não é uma quantidade casual. É uma situação que enseja que este tráfico está conectado a alguma facção. O Ministério Público chancelou e o Poder Judiciário decidiu pela manutenção das prisões, confirmando que a polícia agiu de forma correta — conclui Nogueira.

A reportagem também pediu informações ao Poder Judiciário estadual, mas não recebeu retorno.

Fonte :GZH 
Foto : Maira Araújo Chagas / Arquivo pessoal

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