Caso aconteceu em 2019. Moacir Fermino foi afastado das investigações e, em 2020, condenado pela Justiça, em primeiro grau, a seis anos de prisão.
O Conselho Superior da Polícia Civil decidiu, por unanimidade, recomendar a cassação da aposentadoria do ex-delegado Moacir Fermino, que teria inventado um ritual satânico para explicar a morte de duas crianças em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, em 2017. Os corpos foram encontrados há seis anos. Relembre o caso abaixo.
O julgamento do processo administrativo ocorreu nesta terça-feira (26). Oito conselheiros votaram de forma unânime. Cabe recurso da decisão. Como explica o secretário-executivo do Conselho, delegado Mário Mombach, o resultado será encaminhado ao governo, que tem a decisão final pela cassação do benefício ou não.
O g1 entrou em contato com a defesa de Moacir, que informou que não se manifestará sobre a decisão.
Havia uma previsão inicial de que o processo administrativo fosse julgado em março deste ano. O adiamento, segundo Mombach, se deu em razão de “trâmites internos”.
Segundo a investigação policial conduzida pelo delegado Fermino, as crianças teriam sido sacrificadas durante um ritual satânico encomendado por empresários. Cinco pessoas chegaram a ser presas. A própria polícia admitiu, depois, que tudo era uma farsa. O delegado teria inventado o caso para ganhar relevância dentro da igreja que fazia parte.
Depois do escândalo, Fermino foi afastado das investigações e, em 2020, condenado pela Justiça, em primeiro grau, a seis anos de prisão por falsidade ideológica e corrupção ativa de testemunha.
Fermino responde em liberdade e se aposentou recebendo salário. De acordo com o Portal Transparência, ele teve uma remuneração bruta de R$ 30,1 mil em agosto.
As crianças foram encontradas mortas em setembro de 2017 próximo a uma estrada na Zona Rural de Novo Hamburgo. Passados seis anos, os nomes delas não foram descobertos e a investigação foi entregue ao Poder Judiciário sem concluir quem cometeu o crime.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) descobriu que são um menino e uma menina, entre oito e 12 anos, e que possuíam material genético compatível pelo lado materno, ou seja, podem ser irmãos, primos ou mesmo tia e sobrinho. As vítimas foram esquartejadas e os crânios nunca localizados.
Delegado Moacir Fermino teria inventado ritual satânico para concluir inquérito — Foto: Reprodução/RBS TV
Restos mortais foram descobertos próximo de uma estrada — Foto: Reprodução/RBS TV