Esposa descreve Thiago Dias, 34 anos, como pessoa sorridente, afetuosa e dedicada aos filhos, de nove e seis anos; Polícia Civil mantém dois presos e apura detalhes do crime
Pai carinhoso, companheiro amável, homem alegre, responsável e trabalhador. São algumas das qualidades descritas por familiares de Thiago Dias, motorista de transporte por aplicativo e morador de Viamão, encontrado morto em Alvorada na última sexta-feira (8). O homem que teve a vida interrompida aos 34 anos enquanto trabalhava teria sido vítima de um latrocínio, supostamente ocorrido na noite da segunda (4), quando criminosos roubaram seu veículo.
— Destruíram uma família que tinha no Thiago uma fonte de união e de alegria. Um homem carismático, carinhoso com os filhos, trabalhador, amigo, parceiro — define a esposa, Fernanda da Rocha Pereira, 30 anos.
Os dois estavam juntos havia mais de 12 anos. Conheceram-se e se tornaram amigos quando trabalharam juntos como atendentes em uma lanchonete de rede de fast food. Dias saiu do emprego. A amizade perdurou. Virou namoro, depois compromisso.
— Era o meu primeiro emprego. Logo nos aproximamos. O Thiago era uma pessoa fora de série, sempre disposto a ajudar, sempre com aquele sorriso grande e espontâneo pronto para todos que o amavam — lembra.
Fernanda diz que busca encontrar conforto na memória de momentos felizes vividos ao lado do marido. Afirma que busca meios de permanecer forte, diante da tragédia colocada diante da sua vida, para poder dar o suporte necessário aos filhos do casal, uma menina de nove anos e um menino de seis.
— Era ele quem cuidava das crianças no começo de todos os dias. Preparava o lanche, organizava tudo, deixava eles na escola. Acredito que nossos filhos ainda não entenderam que nunca mais vão ver o pai deles. É muito difícil assimilar tudo isso — desabafa.
O casal fazia planos para curtir as férias escolares na praia, enquanto Dias continuaria trabalhando como condutor por aplicativo, em qualquer cidade litorânea para a qual a família decidisse viajar no recesso escolar.
— A gente adorava viajar. Essa foi uma das razões que fizeram ele deixar o trabalho de técnico de internet pelo transporte autônomo. Ele inventava o destino, a gente o seguia e estas atitudes nos levavam juntos a lugares legais e a termos bons momentos em família.
A paixão por passeios e descobertas não era a única motivação de Dias. Gremista apaixonado pelo esporte, o penúltimo irmão em uma casa com nove filhos, gostava de jogar futebol com grupo de amigos e reunir a família para comer e festejar a amizade.
— O Thiago era um guri maravilhoso. Só tenho coisas boas a lembrar. Ele vai fazer muita falta, principalmente para a esposa e os filhos. Era um baita paizão — descreve uma integrante da família, 37 anos, que pede para ter a identidade preservada.
Segundo ela, além da tristeza, restou para a família um sentimento de inconformidade e a expectativa de que o crime seja elucidado e os autores, responsabilizados.
— A gente espera por justiça. A gente sente medo, mas não se conforma. Foi muita crueldade o que fizeram com a nossa família.
Investigações sobre a morte de Thiago Dias prosseguem em busca de detalhamentos sobre as circunstâncias do crime. Conforme o delegado Marcos Bottin, a principal linha de apuração vai no sentido de um assalto que teria culminado em assassinato, um latrocínio.
O corpo do motorista foi localizado às margens do Arroio Feijó, em Alvorada, na tarde de sexta-feira (8), com sinais de estrangulamento. Dois suspeitos estão presos. As prisões aconteceram em Viamão na quinta-feira (7), um dia antes do encontro do cadáver pelo Corpo de Bombeiros.
A captura antecipada dos supostos assassinos, de acordo com Bottin, foi possível graças a imagens de câmeras de videomonitoramento, as quais registraram a movimentação dos dois homens, de 23 e 31 anos, abandonando o cadáver no local, utilizando o carro da vítima.
As imagens permitiram o rastreio e a prisão temporária dos suspeitos, os quais não tiveram seus nomes divulgados. Eles permanecerão à disposição das autoridades até a conclusão do inquérito. O conteúdo dos depoimentos é mantido em sigilo. O delegado aponta que a polícia ainda não esgotou suas linhas de investigação.