Projeção inicial para o 2023/2024 indica que RS não deve enfrentar nova estiagem
Em área plantada, o crescimento projetado é de 1,7%, o que é considerado um bom aumento pela instituição, em razão do atual patamar de 8 milhões de hectares cultivados no Estado.
Na soja, principal cultura no Estado, a expectativa é de recuperação. A oleaginosa foi uma das mais afetadas pela seca e teve quebra de mais de 30% no último ciclo. Com esta comparação baixa, o crescimento em produção esperado é de 73% para 2023/2024, resultando em uma colheita de 22,4 milhões de toneladas. Em área, o acréscimo é de 1,3% no grão, somando 6,7 milhões de hectares.
— No geral, a soja avançou em áreas que anteriormente eram utilizadas para pastagens, em substituição ao gado de corte, o que aponta para este crescimento que estamos estimando como perspectiva para a safra — destacou o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera.
As expectativas também são de melhora para o milho, amplamente prejudicado pela falta de chuvas no verão. A área cultivada deve somar 817,5 mil hectares, resultando em 6 milhões de toneladas do grão colhidas. Apesar da redução de 0,7% em área, os números mostram que há aumento nas regiões produtoras. Segundo Baldissera, o dado indica avanço da irrigação nas principais regiões dedicadas ao cultivo do milho, como o norte e o nordeste do Estado. No milho silagem, muito relacionado à atividade leiteira, também há boa perspectiva de aumento de produção e produtividade, apesar de área menor.
A próxima safra deve ser de mais espaço para o arroz. A área semeada com o cereal deve ser 7,44% maior em relação ao último ciclo, somando 902 mil hectares. A produção esperada chega a 7,5 milhões de toneladas. A intenção de plantio tem a ver com os sinais do clima e do inverno chuvoso.
— À medida que a lavoura do arroz é beneficiada pela chuva, a tendência do arrozeiro é cultivar com arroz essas áreas e reduzir o plantio da soja. Há, portanto, uma influência disso — acrescenta o diretor técnico da Emater.
Já para o feijão, as expectativas da Emater são de 29 mil hectares plantados e de 51,5 mil toneladas colhidas. A projeção indica 2,44% a mais de área e produção 26,5% maior sobre 2022/2023.
As projeções de boa safra acontecem no embalo de uma segunda notícia otimista, vinda do clima. Depois das condições severas nos últimos anos, de primaveras e verões excessivamente secos, os prognósticos indicam que o próximo verão não deve ser de estiagem no Rio Grande do Sul.
Segundo Flávio Varone, meteorologista da Secretaria da Agricultura e coordenador do Simagro-RS, a escassez hídrica deve ser pontual a algumas regiões, e em períodos menores.
— Estendendo a previsão para o verão de 2024, as previsões até aqui indicam que, provavelmente, não haverá novo quadro de estiagem ampla no Estado — disse Varone na apresentação dos dados.
Ainda neste ano, os dados climáticos indicam chuva acima da média nos próximos meses, com o fenômeno El Niño efetivando sua atuação de modera a forte no Estado. A primavera chuvosa pode ajudar a recuperar os reservatórios que secaram, mas também pode prejudicar a finalização da safra de inverno, afetando a colheita e atrasando o plantio de verão.
Estimativa para a próxima safra de verão
Área plantada (em milhões de hectares)
Produção (em milhões de toneladas)