Estabelecimentos foram alvo de buscas durante operação na manhã desta terça e quatro carros foram apreendidos
Depois de cumprir 13 mandados de busca e apreensão nesta terça-feira (22) contra um esquema de agiotagem e extorsão, a Polícia Civil deve focar agora nos meios usados pelo grupo para lavar dinheiro. Na operação realizada em Canoas, Gravataí e Cachoeirinha, um suspeito foi preso e foram apreendidos, entre outros materiais, quatro veículos avaliados, juntos, em R$ 1 milhão.
O delegado responsável pela investigação, Maurício Barison, diz que 12 suspeitos, sendo três deles já na cadeia e apontados como líderes do esquema, teriam usado dinheiro da agiotagem para comprar três revendas de carros em Canoas. O grupo também usaria dinheiro de origem ilícita para comprar veículos que eram colocados à venda nas lojas.
Foram feitas na manhã desta terça buscas nas três revendas, nas casas dos investigados e também nas celas de penitenciárias, em Charqueadas e Montenegro, onde estão os três suspeitos de comandar o esquema criminoso.
Barison relata que, além das revendas de carros, o grupo lavava dinheiro por meio de depósitos em contas bancárias de laranjas. A investigação ainda tenta confirmar o total de valores movimentados e o número de contas utilizadas.
A polícia acredita que o dinheiro obtido era reaplicado no tráfico de drogas e na compra de armas.
O delegado ressalta que vários documentos foram apreendidos nesta terça e, assim como as contas bancárias e a movimentação financeira das revendas, serão alvo de análise nos próximos dias.
Durante a operação, também foram apreendidos 10 celulares, três deles nas celas dos apenados. Além dos documentos, telefones e quatro carros, os agentes também apreenderam uma arma, carregadores, dinheiro, placas veiculares.
Sobre o esquema de agiotagem, Barison relata que, em muitos casos, a cobrança, com violência, ocorria mesmo após a quitação das dívidas.
— É o risco de se utilizar criminosos para pedir dinheiro, infelizmente. As cobranças eram feitas com ameaças diárias, não só aos credores, mas para familiares deles, além de cárcere privado em um dos casos e violência extrema em outro, já que uma das pessoas teve carro incendiado na frente de sua casa em Canoas — explica o delegado.
O caso do automóvel incendiado ocorreu no início deste ano. A investigação tem três vítimas que registraram ocorrência, mas a suspeita é que sejam dezenas com medo de procurar a polícia. Barison destaca que muitas delas foram até a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Canoas, mas não quiseram prestar depoimento por receio de represálias.
Na operação desta terça, um suspeito foi preso em flagrante em Cachoerinha por porte ilegal de arma de fogo. Ele e outros 11 supostos envolvidos no esquema seguem sendo investigados por extorsão, ameaça, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O homem preso também responde por porte ilegal de arma de fogo. Os nomes dos investigados não foram divulgados.