Aline de Souza, 41 anos, comanda há quatro meses o Coxilha Aberta, no bairro Costa e Silva, na Zona Norte
— Quando pensamos na candidatura, apresentamos uma proposta de renovação, de paradigmas a serem quebrados — salienta Aline.
A relação da pedagoga com o tradicionalismo começou há 10 anos, quando ela passou a se envolver com o CTG. Desde então, frequenta o local junto do marido, da filha e do filho. Essa ligação forte de toda a família com o nativismo fez com quem Aline quisesse participar ainda mais da organização daquele espaço.
Com esse sentimento, surgiu a ideia de formar uma chapa e se candidatar à patronagem. No seu discurso, veio o propósito de “virada de chave”. Aos poucos, a intenção é tornar do CTG um ambiente familiar e plural.
— Aqui é um espaço aberto. Não importa se você é preto, branco, homem ou mulher. É um local para todos. E é por isso que trabalhamos hoje, onde somos todos igualmente importantes — afirma a patroa.
Ainda que o pontapé inicial tenha sido dado com a conquista do posto de patroa, Aline reconhece que ainda há outros obstáculos a serem superados. Entre eles, os estereótipos que precisam ser derrubados.
— Já aconteceu algumas vezes de visitantes chegarem no galpão querendo falar com o patrão e se apresentarem ao meu marido, achando que era ele. Sou uma mulher, negra, e ainda sou pequena fisicamente. Pode parecer um cargo muito “forte” para mim, mas se estou aqui, é porque tenho competência para isso — destaca.
Ao mesmo tempo, a patroa sobrepõe o discurso sério com brilho no olhar e um discurso de esperança ao lembrar dos princípios que a movem a cada dia no ambiente gauchesco:
— Temos visto essa conquista a cada baile, a cada janta, a cada reunião que temos no CTG. A tradição é passada de acordo com o que você recebe. Então, hoje, entregamos cordialidade, amizade e respeito.