Decisão cabe recurso junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Fantinel foi reeleito com mais de 2 mil votos para o segundo mandato na Câmara caxiense
A 5ª Vara Federal de Caxias do Sul anunciou nesta segunda-feira (23), a condenação do vereador Sandro Fantinel a três anos e 20 dias de reclusão, perda do cargo público e pagamento de R$ 50 mil em indenização. A ação penal é referente ao caso em que o parlamentar proferiu ofensas de cunho discriminatório contra o povo baiano. A sentença foi proferida pelo juiz federal substituto Júlio Cesar Souza dos Santos, em 17 de dezembro, mas divulgada nesta segunda.
O fato ocorreu em fevereiro de 2023. Durante o uso da tribuna, o então vereador do Patriota, estava falando sobre o caso dos trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão, em Bento Gonçalves, quando afirmou que “os baianos, a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor”. O vereador ainda sugeriu que empresas da região deixassem de contratar a mão de obra de pessoas vindas da Bahia.
Na ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), o órgão entendeu que Fantinel “gerou humilhação, constrangimento e vergonha ao povo nordestino”. Além da discriminação regional, o juiz entendeu que o vereador incitou a discriminação religiosa e racial com a frase sobre o tambor, já que o instrumento musical tem papel sagrado no exercício de religiões de matriz africana.
Dessa forma, sendo o caso tratado pelo juiz como discurso de ódio, Fantinel foi condenado à pena de pouco mais de três anos de reclusão em regime inicial aberto. A pena por ser substituída por prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária de 30 salários-mínimos (cerca de R$ 42 mil), mais 86 dias-multa. Ainda, foi decretada a perda do cargo público e fixada a multa de R$ 50 mil a indenização por danos morais coletivos.
A decisão cabe recurso junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). À reportagem, o advogado do vereador, Vinicius Figueiredo, confirmou a intenção de recorrer da decisão. Segundo ele, Fantinel poderá permanecer na vereança enquanto responde ao processo.
Contatado, o vereador afirmou que “se as ofensas tivessem vindo do outro lado não teria havido nenhuma condenação, mas essa é nossa realidade”.
Além dessa ação penal, o vereador também responde à uma ação civil pública (processo jurídico que protege direitos coletivos) pelo mesmo caso. O processo é movido por um procurador da Bahia. Uma audiência está marcada para ocorrer em janeiro.