Em Santo Ângelo, Vigilância Ambiental iniciou uma ação de combate ao inseto
Chega o verão e começa a proliferação dos chamados “borrachudos”, pequenos mosquitos silenciosos que, ao picar o ser humano, causam coceira intensa. Apesar de não disseminarem doenças como a dengue, esses insetos podem desencadear alergias graves e, por causa da coceira, abrir feridas na pele.
Mais comuns em áreas de mata, córregos e lagos, os borrachudos não demoram a aparecer quando há qualquer espaço arborizado. Para nascer e crescer, eles precisam de água em movimento. A fêmea coloca seus ovos em qualquer coisa que esteja dentro da água, como pedras, entulhos e folhas. A única forma de controlar a infestação é acabar com as larvas.
Em Santo Ângelo, município de 76,9 mil habitantes no noroeste gaúcho, a Vigilância Ambiental aplica o bioinseticida Bacillus Thuriengiensis em rios e córregos para reduzir a incidência desses animais. O produto é o mesmo usado no combate à dengue e, por ser biológico, não oferece riscos à saúde das pessoas.
A aplicação é feita a cada 50 metros em todos os córregos e nos principais rios do município —Itaquarinchim, Santa Bárbara e São João—, como explica o coordenador da Vigilância Ambiental, Rodrigo Stankowski.
— Nós fizemos uma calda e despejamos com regador. Fazemos todo o percurso do rio várias vezes para que essa calda se espalhe e se diluía. A correnteza leva, o que é importante, porque é na água corrente que a larva se alimenta — explicou.
A estimativa é que sejam necessárias 400 aplicações apenas no trecho urbano do Rio Itaquarinchim. Depois disso, a ação será feita nos demais arroios e riachos da cidade. O tempo para conclusão é indeterminado, pois depende das condições climáticas: quando há chuva forte, o efeito do larvicida é prejudicado.
O borrachudo é um mosquito silencioso e a picada, na maioria das vezes, só é percebida quando começa a coceira. Para se proteger, a forma mais eficiente é aplicar repelente nas partes descobertas do corpo, além de usar roupas de algodão fino e de mangas compridas.
A família do comerciante Valdir Ferreira de Oliveira, que vive em Santo Ângelo, tem enfrentado os dias mais quentes de portas e janelas fechadas. Segundo ele, por causa do volume e intensidade de picadas dos mosquitos.
— Ultimamente está incomodando bastante. Ano passado era bem menos. Só fechando tudo [para aguentar], porque não tem como ficar aqui fora — relatou.
Quem vive nos municípios que ainda não aplicaram inseticidas pode tomar outras medidas de combate. Um exemplo é aplicar produtos à base de citronela nos ambientes. O repelente natural afasta mosquitos, moscas e formigas.
A Vigilância Ambiental também orienta a utilização de telas de proteção nas portas e janelas e a limpeza constante de quintais e terrenos baldios. Eliminar lixos que possam ser criadouros dos mosquitos e evitar o acúmulo de matéria orgânica, como esterco e madeira apodrecida, são outras medidas que afastam esses insetos.
Além disso, outra dica é preservar os inimigos naturais dos borrachudos, como peixes e sapos. Isso porque o borrachudo se prolifera ainda mais com o desequilíbrio ambiental, conforme explica Stankowski.
— As pessoas são fundamentais nisso, não desmatando e não poluindo o rio. Por exemplo, o esgoto vira matéria orgânica, que é usada na alimentação das larvas. Assim, jogar lixo em local urbano, qualquer tipo que possa se degradar, vira alimentação para larvas e acelera a reprodução desses insetos.