Coloração é resultado da interação entre partículas de fumaça e os raios solares.
Duda Fortes / Agencia RBS
Condição deve melhorar na quinta-feira (5), mas segue sobre o Estado até o dia 10, conforme a Climatempo.
Duda Fortes / Agencia RBS
Céu com cores mais fortes chamou a atenção no amanhecer desta quarta-feira (4). Apesar de bonito, fenômeno é prejudicial à saúde
O céu de Porto Alegre amanheceu com tons avermelhados nesta quarta-feira (4). A tonalidade do Sol, que chamou a atenção dos porto-alegrenses, é resultado da formação de uma pluma de fumaça oriunda dos incêndios que atingem diferentes Estados brasileiros e países vizinhos como Argentina, Bolívia e Paraguai, que circula sobre todo o Rio Grande do Sul.
Os vestígios dos incêndios influenciam na visibilidade do céu, que pode ficar mais acinzentando em dias nublados e avermelhados quando há Sol – caso desta quarta-feira. Com o vento que sopra do norte do Brasil, a fumaça retornou ao Rio Grande do Sul na terça-feira (3), quando dificultou a dispersão da neblina que se formou em Porto Alegre e Região Metropolitana durante o amanhecer.
A coloração do Sol tem total relação com a fumaça dos incêndios.
GUILHERME BORGES
Meteorologista da Climatempo
Circulando sobre o RS em uma altitude próxima de 1.500 metros, a fumaça dos incêndios espelha os raios solares. Meteorologista da Climatempo, Guilherme Borges explica que esta interação resulta na coloração mais avermelhada do Sol, fenômeno que também pode deixar a lua com tonalidade similar:
— A coloração do Sol tem total relação com a fumaça dos incêndios. Os raios solares interagem com esse particulado presente na atmosfera, o que favorece para deixar o céu mais alaranjado, com mais evidência durante o nascer e pôr-do-sol, devido à inclinação dos raios. É um tipo um espelhamento — explica.
Apesar de bonito, o fenômeno representa riscos à saúde. Além de baixar a umidade relativa do ar, a fumaça pode agravar doenças respiratórias quando inalada.
Borges compara o fenômeno a formação do arco-íris. Apesar das semelhanças no processo, o meteorologista destaca as diferenças e ressalta que o céu alaranjado pode ser bonito, mas prejudicial.
— O arco-íris acontece pela quantidade de vapor de água presente na atmosfera. O raio solar bate ali, interage com aquelas gotículas e forma o arco-íris, com dispersão num comprimento de onda que consequentemente fica visível ao nossos olhos. Esses raios também se espelham pela fumaça, de uma forma que deixa o céu bonito mas que não é legal para a saúde — compara.
O tempo seco favorece a propagação do fogo e facilita o avanço da fumaça para outros territórios. Conforme o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em apenas dois dias, o Brasil registrou 4.730 focos de incêndio em setembro.
No Rio Grande do Sul, o clima favorece a limpeza da atmosfera. As frentes frias que sopram do Sul para o Norte, somadas a formação de nuvens de chuva, afastam a fumaça do território.
O cenário deve ser observado nesta quarta-feira, com possibilidade de chuva em Porto Alegre após dois dias de tempo seco. No entanto, o clima deve se manter ensolarado a partir de quinta-feira (5), o que abre espaço para o retorno da fumaça ao RS nos próximos dias.
— O Rio Grande do Sul tem essa, pode-se dizer, flexibilidade em torno da limpeza da atmosfera. Deve ter um alívio agora, na quinta-feira melhora essa condição devido à chuva, mas a partir do dia 7 de setembro a fumaça se redireciona ao Estado — diz Borges.
O céu deve seguir avermelhado, com fumaça em grande quantidade sobre a atmosfera no RS, até o dia 10 de setembro, conforme o meteorologista.