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STF decide tornar Bolsonaro réu por tentativa de golpe



Ministros da Primeira Turma votaram de forma unânime para receber denúncia feita pela PGR

STF torna Bolsonaro réu por tentativa de golpe | Foto: Gustavo Moreno / STF Foto:
26 de março de 2025

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votou de forma unânime nesta quarta-feira para receber a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornar réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados por tentativa de golpe de Estado.

Bolsonaro ainda não foi condenado no caso. O STF formou reconheceu o mérito da denúnciafeita pela PGR. Os ministros da Primeira Turma são: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Relator do inquérito, Moraes destacou violência do 8 de janeiro

Em sua explanação, que abriu o segundo dia do julgamento da Primeira Turma, Moraes, relator do inquérito, declarou que a Procuradoria-Geral da República “descreveu satisfatoriamente fatos típicos e ilícitos” imputados aos denunciados, “dando aos acusados amplo conhecimento dos motivos pelo que foram acusados”. “A denúncia da PGR apresentou todos os requisitos para a ação penal”, afirmou.

O ministro decidiu mostrar um vídeo para comprovar a “materialidade” dos crimes cometidos no 8 de janeiro, mostrando a gravidade do caso “ao invés de falar meia hora”.

A gravação mostrou, por exemplo, os acampamentos montados em frente a quartéis do Exército e atos violentos no dia da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Moraes, “não há dúvida” da materialidade dos delitos, narrados em sequência pela PGR.

“Isso não é violência?”, questionou Moraes ao mostrar o vídeo. “Ninguém estava passeando”, seguiu, indicando que é possível ver pedidos de intervenção nas imagens. O ministro chegou a se referir ao 8 de janeiro como ‘uma verdadeira guerra campal’. “Nenhuma bíblia é vista, nenhum batom é visto. Agora, a depredação e o ataque ao patrimônio é visto”, destacou.

Quem são os aliados de Bolsonaro que também se tornaram réus:

  • Walter Braga Netto, general de Exército, ex-ministro e vice de Bolsonaro na chapa das eleições de 2022;
  • General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência – Abin;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
  • Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Como votaram os outros ministros

Dino afirmou que há “indícios razoáveis” contra os acusados

Segundo a votar, Dino afirmou que há indícios razoáveis contra os acusados. “Acho que a denúncia possui os atributos fundamentais da materialidade e da viabilidade, porque houve violência, e essa violência poderia ter produzido danos de enorme proporção, e o fato de isto não ter se configurado não exclui a atipicidade definida em lei”, considerou.

Fux ressaltou luta pela democracia

Terceiro a votar, Fux afirmou que a democracia foi conquistada entre “lutas e barricadas” e que “tudo que se volta contra o Estado Democrático de Direito é repugnante e inaceitável”.

Cármen Lúcia afirmou que caso deve ser investigado para tentativa de golpe não se repetir

Penúltima a votar, a ministra Cármen Lúcia disse que é necessário permitir que o caso seja investigado e esclarecido, para impedir outra tentativa de golpe de Estado e impedir que “essa máquina de democracia continue a reverberar”.

Zanin enfatizou materialidade do caso

Último a votar, o ministro Cristiano Zanin afirmou que a denúncia está “longe”de ser amparada somente em delações. “Há, sim, uma série de elementos a amparar a denúncia que estamos aqui a analisar. Longe de ser uma denúncia amparada exclusivamente em uma delação premiada, o que se tem aqui são diversos documentos, vídeos, dispositivos, diversos materiais que dão amparo àquilo que foi apresentado pela acusação”, afirmou Zanin.

O que disse a defesa de Bolsonaro

A defesa de Bolsonaro, em sua sustentação nessa terça-feira, questionou as mudanças de interpretação sobre a competência do STF para julgar o caso.

Segundo o advogado Celso Vilardi, o processo deveria ser analisado pelo Plenário, e não pela Primeira Turma, já que, à época dos fatos, Jair Bolsonaro ocupava o cargo de presidente – o que, de acordo com o regimento interno da Corte, segundo ele, exigiria julgamento pelo Plenário.

O defensor também afirma que não teve acesso à integridade das mídias coletadas pela investigação, o que inviabiliza o exercício da defesa. “Se eu não tenho a mídia completa, não seria o caso, nesse momento de preliminares, de solicitar a cadeia de custódia das provas?”, disse o advogado de Bolsonaro.

A Primeira Turma do STF, no entanto, rejeitou todos os questionamentos processuais apresentados pelas defesas de Bolsonaro e dos outros sete denunciados como integrantes do “núcleo crucial” do plano de golpe.

Fonte : Correio do Povo
 Foto: Gustavo Moreno / STF

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