Em Passo Fundo, artista plástica Mariane Loch Sbeghen coleciona itens que remetem ao nascimento de Jesus há 30 anos; exposições estão abertas na cidade
Há 800 anos, o primeiro presépio era montado por São Francisco de Assis para comemorar o Natal de 1223. A representação tinha como objetivo demonstrar o nascimento de Jesus em forma simbólica, uma maneira de sensibilizar sobre a data cristã. A tradição, que segue até hoje, se transformou no verdadeiro símbolo do Natal.
— São Francisco de Assis teve todo o cuidado de colocar aquilo que realmente tem sustentação bíblico-teológica. Tem a família de Jesus, os animais que esquentaram a gruta, os pastores e também os magos, que tem notícia do nascimento e vão ate ele prestar homenagem. O objetivo foi ajudar as pessoas a compreenderem a história da noite de Natal — explica o padre Ari Antônio dos Reis, pároco da Catedral Nossa Senhora Aparecida, de Passo Fundo.
Não por acaso, mais de 2 mil anos depois do início da Era Cristã, a representação do presépio é a responsável por trazer a reflexão do nascimento, a sensibilização no dia a dia e o despertar das emoções. Em outros casos, além da simbologia religiosa, também dá lugar à arte e diversidade cultural.
É o caso da coleção da artista plástica Mariane Loch Sbeghen, de Passo Fundo, que mantém a tradição viva ao colecionar mais de 300 presépios de 25 países. Em diversos tamanhos, materiais e formatos, a coleção começou há 30 anos sem a pretensão de tornar-se um acervo tão vasto.
Atualmente, duas exposições estão abertas para o público conferir parte da coletânea (veja o serviço abaixo). A singularidade de cada item recheia as mostras com uma riqueza cultural que desperta a curiosidade.
— A primeira exposição que fiz foi com a maioria dos presépios emprestados. Somente dois eram meus, mas a coleção foi crescendo com o tempo. Quase todos eles são presentes, muito poucos adquiridos — conta.
Com a inspiração que veio de berço, uma vez que o pai da artista colecionava soldadinhos de chumbo, Mariane preza pela peculiaridade de cada peça para preencher o acervo com um pedaço de cada canto do Brasil e do mundo. Dentre os presépios mais inusitados estão um feito em casca de pinhão e outro montado com palitos de fósforo.
— Conforme a coleção foi aumentando, fui me tornando mais seletiva, escolhendo melhor os materiais e origem das peças. O que mais gosto é da diversidade, de como cada lugar representa essa mesma tradição. No Peru, por exemplo, é comum levar um presépio no bolso — explica ela, enquanto manuseia a pequena peça andina.
Questionada sobre quais são seus presépios preferidos, Mariane disse que nunca soube responder com certeza, já que carrega carinho e apreço por cada um deles. Porém, a pedido da reportagem, destacou três peças de maior distinção visual e originalidade. Veja a seguir:
Esculpido em semente de jarina, conhecida como marfim vegetal, o presépio traz detalhes delicados, feitos no material maleável. A peça foi produzida artesanalmente em Manaus, no Amazonas, e vem dentro de um cesto de palha.
Feito em barro pintado a frio, o presépio de Olinda traz interatividade, já que pode ser montado da maneira que preferir. Com cores que remetem à região de origem, a peça é uma das maiores que compõe a coleção.
Produzido com lã de ovelha, o presépio traz tanto a o material tingido quanto na cor original. A peça é uma das mais incomuns da coleção e foi produzida em Viamão, na Região Metropolitana. Os personagens tomam forma com a utilização de agulha e preservam a textura da lã.
Em Passo Fundo, duas exposições mostram a diversidade de presépios. Pelo menos uma estará aberta neste feriado, no Passo Fundo Shopping. Veja os locais: