Seis meses depois, como está caso de empresário mineiro encontrado morto após desaparecer no RS - Agora Já -

Seis meses depois, como está caso de empresário mineiro encontrado morto após desaparecer no RS



Corpo de Samuel Eberth de Melo foi localizado em junho, em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte, nove dias após desaparecer

Foto: Para a acusação, o crime teria sido cometido porque Samuel Eberth de Melo passou a desconfiar do sócio. Polícia Civil / Divulgação
14 de dezembro de 2023

Seis meses depois, o caso do empresário mineiro encontrado morto após sumir durante viagem ao Rio Grande do Sul aguarda a realização da primeira audiência. A sessão está prevista para abril do próximo ano. Samuel Eberth de Melo, 41 anos, passou nove dias desaparecido em junho, antes de ser encontrado morto, em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte. O sócio dele e outro homem são suspeitos de terem arquitetado e executado o crime.

Diego Gabriel da Silva, 29 anos, que mantinha espécie de sociedade com o empresário na revenda de automóveis, e o genro dele Wellington Luiz Rodrigues da Silva, 23, foram presos de forma preventiva ainda em junho. Os dois respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver — já que o corpo da vítima foi escondido. Diego ainda é acusado de posse e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. A defesa nega que eles tenham cometido o crime.

Nesta primeira audiência, agendada para 4 de abril, às 14h, devem começar a ser ouvidas as testemunhas de acusação. Uma segunda sessão está prevista para o início de maio, onde se deve dar continuidade aos depoimentos. Somente após o fim das oitivas das testemunhas é que devem ser interrogados os réus. Ao final desta etapa, chamada de instrução, caberá à Justiça definir se os dois devem ir a júri pelo assassinato do empresário.

A acusação

Segundo a acusação, em 2 de junho deste ano, a dupla matou o empresário a tiros. Naquela tarde, Gabriel teria levado o empresário mineiro a bordo de um veículo até a zona rural de Santo Antônio da Patrulha. Para isso, teria usado a desculpa de que eles buscariam um automóvel na propriedade. No local, Diego teria acionado o genro  para que lhe auxiliasse no crime.

Naquele mesmo dia, o sócio teria comprado duas pás, uma enxada, dois pares de luva e três metros de lona preta. Para a polícia, esses itens foram usados com o intuito de ocultar o corpo da vítima.

A nota da compra, no valor de R$ 234,20, foi apreendida. Na propriedade, o sogro e o genro teriam atirado contra a vítima, que foi atingida no tórax, no abdômen e na nuca. Depois disso, Samuel teve o corpo enrolado numa lona e enterrado na área rural na Estada Bom Retiro.

Samuel era proprietário de uma empresa de revenda de veículos em Belo Horizonte, em Minas Gerais, e mantinha relações comerciais com o gaúcho. Segundo a investigação, Samuel e Diego se conheceram durante a negociação de veículos, tornaram-se amigos e parceiros comerciais. O réu teria conquistado a confiança do mineiro, que passou a enviar veículos ao RS para que fossem vendidos. A estimativa é de que Samuel tenha repassado, em uma última leva, pelo menos 44 veículos, com valor estimado em R$ 5 milhões.

Para a acusação, o crime teria sido cometido porque a vítima passou a desconfiar do sócio. Em razão disso, o mineiro viajou até o Rio Grande do Sul para tratar pessoalmente do assunto. Ele chegou ao Estado no dia 1º de junho e se hospedou num hotel em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. No dia seguinte, parou de responder familiares. O último contato teria sido feito por uma mensagem de áudio enviada a namorada, no qual disse que não estava achando os carros que tinha enviado e estava desconfiado.

O empresário teria seguido no mesmo dia até Santo Antônio da Patrulha, onde acabou morto. Os dois réus respondem por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, por ser um crime cometido para assegurar a impunidade de outros delitos e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.

O processo

Segundo o promotor de Justiça Camilo Vargas Santana, responsável pela acusação, recentemente o Ministério Público solicitou ao Judiciário, “com objetivo de dar celeridade ao andamento do processo”, que não fossem concedidas diligências solicitadas por parte da defesa. O pedido foi acolhido e designada data para o início da instrução.

— O Ministério Público aguarda a realização de audiência de instrução e julgamento, na qual pretende confirmar os robustos elementos colhidos na investigação realizada pela Polícia Civil. Ao final, a Promotoria de Justiça buscará submeter os réus a julgamento pelo Tribunal do Júri, para que restem condenados pelos graves crimes cometidos — afirma Santana.

Já advogada Thais Rodrigues, que representa os dois réus, afirma que até o momento não obteve acesso integral aos autos, o que entende que prejudica a defesa. Segundo a advogada, o acesso foi negado em decisão do Tribunal de Justiça, por ainda haver diligências em andamento.

— A negativa de acesso aos expedientes em sigilo afeta o exercício da ampla defesa e causa prejuízo. Entendo que é essencial e imprescindível que a defesa tenha acesso à integralidade das diligências. Vamos ter as audiências, nas quais serão ouvidas as testemunhas, mas essa questão da integralidade do acesso vamos continuar discutindo nos tribunais superiores — afirma a advogada.

A defesa buscou ainda a liberdade dos réus, mas o pedido também foi negado. Sobre o caso, a advogada afirma que os clientes negam terem sido os autores.

Cronologia

  • 2 de junho – Empresário mineiro desaparece após viajar para Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. A última vez em que foi visto com vida foi num posto de combustíveis em Taquara.
  • 6 de junho – É preso o primeiro suspeito de envolvimento no sumiço do empresário. Investigações seguem tentando localizar a vítima.
  • 10 de junho – É preso um segundo suspeito de participação no desaparecimento. No mesmo dia, o corpo do empresário é encontrado numa área rural de Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte
  • 3 de julho – A Polícia Civil conclui o inquérito sobre o desaparecimento e morte do empresário. Indicia o sócio dele Diego Gabriel da Silva e o genro Wellington Luiz Rodrigues da Silva.
  • 28 de julho – O Ministério Público denunciou os dois por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, para assegurar a impunidade de outros crimes e recurso que dificultou defesa da vítima, e ocultação de cadáver. O sogro ainda foi acusado de posse e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
  • 2 de agosto – A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público e os dois se tornaram réus no processo.
Fonte : GZH 
Foto : Polícia Civil / Divulgação

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