Com longas viagens pela frente, Tricolor procura atenuar o desgaste psicológico do grupo, sem deixar de impor regras e horários, em especial nas vésperas dos jogos
O técnico Renato Portaluppi flexibilizou o regime de concentração nos 15 dias em que o Grêmio estabeleceu como base Curitiba. De olho na saúde mental dos atletas, o treinador concedeu turnos de folga em alguns dias e liberou os jogadores para trazer seus familiares à capital paranaense, com regras determinadas e convívio em momentos específicos.
Em uma temporada normal, as viagens são marcadas por regime de concentração total, com os atletas sendo obrigados a permanecer todo o tempo no hotel e, por tabela, longe dos familiares. Após a enchente, porém, como o Tricolor permanecerá longos períodos fora de casa, Renato resolveu adotar uma rotina semelhante à que seria implementada se o time estivesse em Porto Alegre, com turnos de folga após os treinamentos.
— Eu procurei conversar bastante com os atletas nestes dias. Eles têm treinado a parte física, foram super profissionais e entenderam o porquê nós saímos de Porto Alegre. Então, eu procuro amenizar o sofrimento do grupo, liberando eles de vez em quando. Eles estão trazendo as famílias por onde nós estamos viajando. Isso é importante para que eles possam ficar um pouco mais perto dos familiares e dos filhos. Isso tem sido importante —
As folgas não ocorrem todos os dias. Jamais em vésperas de jogos, por exemplo. Contudo, quanto autorizados, os jogadores são liberados para aproveitar a cidade e curtir a companhia de familiares ou amigos sempre após os treinos. Quando a atividade é pela manhã, por exemplo, os atletas ganham a tarde de folga e se apresentam na concentração à noite, no horário da janta. Já quando o treinamento ocorre à tarde, os jogadores têm permissão para jantar fora do hotel.
— Eu sempre procuro ouvir o grupo. É essencial que eles conversem comigo, quando precisam de uma folga, para eles darem uma volta no shopping, conversarem com os amigos e curtirem a família. É necessário para tirar da cabeça muitos pensamos negativos. Não é o melhor, mas é o que a gente pode oferecer no momento — completou o treinador.
A flexibilização do regime de concentração, contudo, tem regras. Os familiares dos atletas não estão hospedados no mesmo hotel da delegação, embora possam conviver com os jogadores na concentração em uma área de convivência reservada pelo clube. Em alguns casos, quando o treino é à tarde, os jogadores são liberados para passar à noite com seus familiares e se apresentar no hotel no dia seguinte pela manhã, como seria o padrão se o time estivesse treinando na Capital.
Este cronograma deve ser cumprido enquanto o Grêmio seguir com a sua rotina itinerante na temporada. Na avaliação da comissão técnica, essa flexibilização é necessária para aliviar a tensão do grupo. Aliás, desde a retomada da temporada, a saúde mental dos atletas vem sendo uma preocupação do clube.
— Venho tendo conversas com o grupo para deixá-los o mais leve possível para desempenhar o futebol deles e para que a gente possa buscar as vitórias — explicou Renato.
A flexibilização da rotina, contudo, deve ser suspensa ao menos nas proximidades do jogo decisivo contra o Huachipato-CHI, na terça (4). Após o jogo contra Bragantino, no sábado (1º), em Curitiba, a delegação viaja para o Chile, no domingo (2). Em solo chileno, o regime será de concentração total para a “batalha de Talcahuano”, que decidirá o futuro tricolor na Copa Libertadores.