Quem eram as vítimas do acidente com van que levava equipe de remo de Pelotas - Agora Já -

Quem eram as vítimas do acidente com van que levava equipe de remo de Pelotas



Além do motorista, os outros oito mortos são integrantes de projeto da cidade do sul do Estado dedicado a revelar talentos no esporte

Foto: Tragédia ocorreu na noite de domingo, no Paraná. Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
23 de outubro de 2024

Foram identificadas no final da manhã desta segunda-feira (21) as nove vítimas do acidente ocorrido na noite de domingo (20) na BR-376, em Guaratuba, no Paraná, envolvendo a van que levava atletas de uma equipe de remo de Pelotas.

Sete dos mortos eram jovens integrantes do projeto “Remar para o Futuro”, com idades entre 15 e 20 anos,  que haviam participado do Campeonato Brasileiro de Remo. Na competição, o time conquistou sete medalhas. Também morreram o coordenador técnico do time e o motorista da van.

Leia a seguir, por ordem alfabética, um resumo sobre quem são as vítimas do desastre.

Angel Souto Vidal, 16 anos (atleta)

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Adolescente faria aniversário dentro de duas semanas . Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Angel adorava estar na companhia dos familiares. Postou fotos recentes na competição, além de outras ao lado da mãe, Chris Gotuzzo, que trabalha na Santa Casa de Pelotas, e de uma prima. No domingo (20), após a filha conquistar três medalhas (duas de prata e uma de bronze) no Campeonato Brasileiro Unificado, a mãe postou fotos da adolescente com os símbolos da vitória e escreveu em seu perfil do Facebook: “Eu te amo quando tudo der certo. Eu te amo quando tudo der errado. Eu te amo integralmente sem que vc precise me agradecer ou me provar qq coisa. Eu te amo quando a vida parecer um lugar assustador. Eu te amo antes da prova e depois de uma grande decepção. Eu te amo feliz (…)”. A filha Angel faria aniversário daqui duas semanas.

Helen Belony, 20 anos (atleta)

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Jovem contrariou família para seguir praticando remo .Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

O acidente em Curitiba vitimou uma das promessas do remo brasileiro. Helen era considerada um dos maiores talentos jovens do esporte — e uma batalhadora acostumada a superar dificuldades desde o nascimento. Foi gestada quando sua mãe já tinha mais de 40 anos e enfrentou uma gravidez de alto risco. Com um quadro de pressão alta, a vida da mãe e da filha ficaram sob risco.

— Perguntaram: tu quer a tua filha ou a tua esposa? — relembrou o pai de Helen, Colmar Ferreira, em uma reportagem do Globo Espetacular veiculada em agosto de 2023.

Ambas conseguiram se salvar. Quando foi descoberta pelo projeto Remar para o Futuro, ainda com 14 anos, a menina precisou superar outros obstáculos: a contrariedade dos pais, que esperavam que ela trabalhasse como empacotadora para ajudar no sustento da casa, e o medo da água. Ao entrar no barco, sem saber nadar, chegava a tremer de ansiedade. Aprendeu a nadar, ganhou confiança e se revelou uma das grandes promessas do remo nacional — com expectativas de conseguir classificação para a Olimpíada de 2028 em Los Angeles. No Campeonato Brasileiro Unificado, no sábado (19), havia conquistado uma medalha de ouro e duas de bronze. Além do sucesso esportivo, ingressara na universidade para cursar Fisioterapia. Helen havia superado todos os desafios que encontrara até o trágico domingo em que uma carreta pôs fim ao sonho acalentado desde o começo da adolescência.

Henri Fontoura Guimarães, 17 anos (atleta)

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Adolescente considerava remo uma “ferramenta poderosa” . Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Um dos quatro integrantes do time do Clube Centro Português 1º de Dezembro que conquistou o ouro no skiff masculino sub-19 do Campeonato Brasileiro de Remo, em São Paulo. Nas redes sociais, destacava o seu esforço diário para se tornar um remador, inclusive com uma conta exclusiva para contar sua rotina de treinos, dentro e fora da água.

No começo de setembro, comentou sobre a sua satisfação por fazer a inicialização de oito jovens que ingressaram no Projeto Remar. “O remo não é apenas um esporte, é uma ferramenta poderosa de formação da juventude”, escreveu. Namorava Brenda Madruga, também remadora.

João Pedro Kerchiner da Silva, 17 anos (atleta)

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
João competiu em várias cidades pelo país. Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

João Pedro tinha como um de seus maiores orgulhos ser remador. Em suas postagens no Facebook e no Instagram, aparece em treinos, competições e ao lado de amigos que o esporte lhe deu. Natural de Pelotas, o jovem estudou no Instituto Estadual de Educação Aimone Soares Carriconde. Desde os 11 anos, participava do projeto Remar para o Futuro, no qual entrou por meio da rede pública.

Esteve competindo em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e até Rio Branco, no Uruguai. No sábado (19), ao lado de outros colegas remadores, conquistou pelo Clube Centro Português 1º de Dezembro a medalha de ouro na modalidade four skiff masculino sub-19 do Campeonato Brasileiro Unificado, em São Paulo.

Nicole da Cruz, 15 anos (atleta)

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Nicole era aluna do Colégio Municipal Pelotense . Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Uma das caçulas na viagem para São Paulo que terminou em tragédia, Nicole já encarava como gente grande as exigências do esporte. Ex-aluna da Força Pré-Militar Brasileira (Fope) e, como outras vítimas, estudante do Colégio Municipal Pelotense, dedicava-se a uma rotina puxada de treinos e atividades físicas. Em uma postagem feita em uma rede social no mês de fevereiro, Nicole relatava seu comprometimento com o remo: “Ser atleta é um estilo de vida único, cheio de desafios e altos e baixos. A rotina de um atleta envolve muito mais que apenas treino e competição, é ter que dedicar horas do seu dia, treinos intensos e, às vezes, sacrificando tempo com família e amigos, abrindo mão de muitas coisas”. A adolescente valorizava ainda as amizades que o esporte havia lhe trazido.

No mês de julho, havia sido convocada pela Confederação Brasileira de Remo, com outros integrantes do projeto Remar para o Futuro, para participar de um treinamento de uma semana no Rio de Janeiro com a seleção brasileira sub-19.

Oguener Tissot, 43 anos (coordenador técnico)

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Remo era uma das paixões de Oguener, que deixa um filho . Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Coordenador técnico do Remar para o Futuro, Oguener Tissot era um dos principais entusiastas do remo no sul do país — entusiasmo que se dedicava a disseminar entre alunos de escolas públicas pelotenses por meio do programa social desde 2015. Apaixonou-se pelo remo ainda na infância, quando, com apenas nove anos, viu pela primeira vez um barco deslizando sobre a água. Começou a praticar aos 12 anos, idade mínima para treinar, e se tornou técnico da modalidade com a intenção de fortalecer a atividade no país e revelar novos talentos.

— Foi paixão à primeira vista. Fui criado na rua, brincando com os amigos, jogando bola, andando de carrinho de rolimã. Às vezes, a gente saía para dar umas caminhadas e passava pela região do porto. Chegando nas doquinhas, me lembro que a primeira vista que eu tive foi dos barcos passando. Fiquei vidrado — contou em uma recente entrevista concedida ao podcast DDD 53.

Deixa um filho de seis anos.

Ricardo Leal da Cunha, 52 anos (motorista)

A van de turismo com os remadores e o coordenador técnico era conduzida pelo motorista Ricardo Leal da Cunha — vítima de mais idade entre os nove mortos no acidente e o único que não tinha ligação direta com o time de remo.

Samuel Benites Lopes, 15 anos (atleta)

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Desempenho era motivo de orgulho de familiares de Samuel . Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

“O remo é mais que um passatempo na nossa vida”, destaca Samuel Benites Lopes, em uma postagem em que ressalta a sua relação com o esporte. Ao lado de Nicole, é uma das vítimas mais jovens do acidente. Seus resultados eram motivo de orgulho para a família e amigos. Samuel foi um dos integrantes da equipe medalha de ouro no four skiff masculino do Campeonato Brasileiro Unificado, disputado no fim de semana.


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