Quadrilhas do golpe do bilhete de Passo Fundo fazem vítimas pelo país - Agora Já -

Quadrilhas do golpe do bilhete de Passo Fundo fazem vítimas pelo país



Delito antigo, aplicado principalmente em idosos, é registrado em diversos estados envolvendo criminosos da região Norte do RS

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil / Divulgação
18 de abril de 2023

Há pelo menos uma década, Passo Fundo possui foco de criminosos especializados no golpe, ou conto, do bilhete. Embora relatos do crime datem de mais de 35 anos, a célula de estelionatários, que começou pequena, ampliou-se por volta de 2016, quando uma série de indiciados por crimes mais graves, como tráfico e roubo de veículos, migraram para o golpe.

— Como o estelionato não tem violência, a pena é bem menor. E como os crimes patrimoniais eram fortemente combatidos no município, eles optaram pelo golpe, por ter apenamento baixo — afirma o delegado regional de Polícia de Passo Fundo, Adroaldo Schenkel.

De acordo com ele, Passo Fundo municia semanalmente as polícias civis de outros estados com cadastro de passo-fundenses e as diligências são frequentes.

— O golpe é muito antigo e Passo Fundo foi um berço que, infelizmente, continua fazendo vítimas — diz.

Além da pena para o estelionato ser de apenas um a cinco anos de prisão, os processos relacionados ao crime tramitam com lentidão, o que, muitas vezes, leva à prescrição – assim, os criminosos permanecem em liberdade, repetindo o golpe.

Combate
O delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Diogo Ferreira, afirma que além de investigações e monitoramento constantes realizados pela Polícia Civil, estão em andamento ações penais:

— Nós combatemos o crime posterior ao golpe, que é a lavagem de dinheiro, pois os criminosos aplicam o golpe em outras cidades ou estados e vem lavar o dinheiro aqui em Passo Fundo.

O crime
O modo mais comum do golpe é aquele em que o estelionatário, aparentando uma pessoa pobre, aborda a vítima nas proximidades de bancos. O criminoso afirma possuir um bilhete premiado da Caixa Econômica Federal e pede auxílio para realizar a troca.

Em seguida, outro criminoso, com roupas sociais, se oferece para ajudar, reforçando a narrativa do golpista e telefonando ao banco. Na ligação, um terceiro estelionatário se apresenta como funcionário da Caixa e solicita os dados do primeiro golpista para a realização do saque.

O criminoso, ao se mostrar pouco instruído, afirma não possuir documentação e pede ajuda à vítima e ao comparsa para receber o prêmio. Como recompensa pela ajuda, ele oferece uma fatia do prêmio – mas exige uma quantia financeira como garantia.

Essa quantia é o lucro do golpe: a vítima se oferece para ajudar, na promessa de receber o prêmio, e é levada até uma agência bancária para sacar o dinheiro. Muitas vezes, a vítima percebe o golpe e tenta desistir, mas é ameaçada pela quadrilha.

Prevenção
Schenkel pontua que o focos dos golpistas são os idosos, por ser uma população prestativa e de boa fé, o que ajuda a efetivar o crime. A recomendação é de que, nesse tipo de abordagem, a vítima se afaste e procure um estabelecimento próximo para acionar o disque-denúncia 190 ou 197.

Operação Pólis
Em 2018, a Polícia Civil realizou uma das maiores operações envolvendo os criminosos do conto do bilhete. A Operação Pólis, com foco em Passo Fundo, combateu o estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com mais de 400 investigados e R$ 150 milhões em bens apreendidos e bloqueados.

Processos relacionada à operação correm até hoje, mas muitos criminosos voltaram a agir, principalmente fora do Rio Grande do Sul.

Fonte: Paulo Marques Notícias

Créditos :  Marcello Casal Jr / Agência Brasil / Divulgação


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