Iniciativas foram criadas para amenizar prejuízos causados após a enchente de maio. Pagamentos realizados pelo Auxílio Reconstrução chegam a R$ 854,1 milhões, e os repasses do Volta por Cima e do Pix SOS RS somam R$ 208,7 milhões
Somados os pagamentos realizados nos programas de auxílio financeiro direto à população dos governos federal e estadual para amenizar os prejuízos causados pela enchente de maio no Estado, R$ 1,06 bilhão já foram repassados aos cidadãos gaúchos. Esta soma inclui os repasses feitos até terça-feira (18) via Auxílio Reconstrução, iniciativa federal, e também desembolsos até sexta-feira (14) pelo Volta por Cima e o Pix SOS RS, ações estaduais.
Os três programas estão entre as medidas de apoio à população gaúcha já anunciadas pelos governos federal e gaúcho. O Painel da Reconstrução, ferramenta desenvolvida por GZH para acompanhar as ações destinadas à recuperação do Rio Grande do Sul, monitora estes repasses.
O Auxílio Reconstrução foi anunciado pelo governo federal em 15 de maio. A iniciativa consiste no pagamento de uma parcela única de R$ 5,1 mil para famílias que tiveram suas casas afetadas diretamente pela enchente. Até o último dia 18, R$ 854,1 milhões foram repassados dentro do programa, beneficiando 167,4 mil famílias gaúchas.
— O Auxílio Reconstrução é uma das mais importantes medidas anunciadas pelo presidente Lula, que já possibilitou o incremento de quase R$ 900 milhões na economia gaúcha, permitindo que cada família que teve a sua casa atingida pela água, por deslizamentos, receba esse recurso na ordem de R$ 5,1 mil, para que possa comprar aquelas coisas principais que, infelizmente, acabou perdendo. É um apoio inédito e é um recurso bastante significativo — destaca o ministro Paulo Pimenta, titular da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul.
Segundo estimativa do governo federal, o Auxílio Reconstrução poderá beneficiar ao todo até cerca de 375 mil famílias no Estado, com um montante total de aproximadamente R$ 1,9 bilhão previsto para a execução do programa. Uma das gaúchas que já recebeu o benefício é Tainá Silva, 25 anos, que mora com os quatro filhos em Eldorado do Sul, uma das cidades mais atingidas pela enchente.
— Usei o dinheiro para comprar alimentos para mim e para as crianças, e também para começar a comprar novos móveis. Já consegui comprar cadeiras, uma cama, uma mesa e um balcão para a pia da cozinha, além de produtos de higiene e outros itens para a casa — destaca.
Além do Auxílio Reconstrução, Tainá também já recebeu o Volta por Cima, do governo estadual. Os benefícios não são excludentes entre si, e somados chegam a R$ 7,6 mil para cada beneficiário.
— Esses programas têm o mérito de realizar uma transferência direta de recursos à população, que pode usar o dinheiro para sanar suas principais demandas. São valores que podem não resolver todos os problemas, mas que são fundamentais para trazer pelo menos um alívio neste momento de necessidade aguda e urgente — comenta Ely José de Mattos, economista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Financiado com recursos do Tesouro do Estado, o pagamento via Volta por Cima soma R$ 158,4 milhões até o momento, tendo contemplado 63.364 famílias atingidas pela enchente de maio. O programa foi criado inicialmente em julho de 2023 para atender pessoas atingidas por um evento climático extremo que atingiu municípios do litoral gaúcho, foi ampliado após o desastre no Vale do Taquari e retomado após a tragédia do mês passado.
— Esse é um programa importante porque deposita direto o valor de R$ 2,5 mil no cartão do cidadão. É um recurso que ajuda a família a começar a suprir suas necessidades mais básicas, e dá possibilidades de retomar as atividades e reorganizar a vida — afirma o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Beto Fantinel.
O Volta por Cima consiste no pagamento de R$ 2,5 mil, em parcela única, a um representante de famílias desalojadas ou desabrigadas no Estado. Estão no escopo do programa famílias em condição de pobreza, com renda mensal de até R$ 218 por pessoa do núcleo familiar, e que habitem municípios que declararam calamidade pública ou situação de emergência.
Ainda segundo Fantinel, o pagamento do benefício tem dois principais eixos de importância: o reforço no orçamento de famílias socialmente vulneráveis e a injeção de recursos na economia local, já que muitos dos gastos destas famílias são realizados em suas próprias comunidades.
Conforme levantamento divulgado pela secretaria de Desenvolvimento Social, 48,88% dos gastos realizados após os repasses do Volta por Cima foram com supermercados, atacados, açougues, restaurantes e padarias. Na sequência, com 18,77%, estão lojas de departamento, artigos de uso doméstico, móveis e eletrodomésticos, e com 10% estão lojas de casa e construção.
— Esse dinheiro acaba sendo gasto principalmente em mercados, farmácias e lojas da vizinhança de quem recebe o benefício, porque a maioria das compras dessas famílias ocorre mesmo em suas localidades de moradia. Então, temos aí dois aspectos muito importantes, o apoio financeiro direto às famílias em situação de pobreza, e consequentemente o estímulo à economia local, do bairro, da comunidade, que ajuda a retomar também a economia do Estado como um todo — reforça o secretário.
Outro programa de auxílio financeiro direto à população gaúcha coordenado pelo governo estadual é o Pix SOS RS. Com recursos provenientes de doações, já foram pagos R$ 50,28 milhões, distribuídos para 25.140 pessoas.
O pagamento via pix é de uma parcela única de R$ 2 mil, e se destina a famílias com renda de até três salários mínimos que moram em áreas atingidas pela enchente nos municípios que declararam calamidade pública. O benefício pode ser acumulado por quem recebeu o Auxílio Reconstrução do governo federal, mas não por quem recebeu o Volta por Cima do governo estadual.
Moradora de Venâncio Aires, Andreia da Silva Ribeiro, 40 anos, é uma das gaúchas que já recebeu a parcela de R$ 2 mil do pix. Andreia também teve alagada a sua casa, onde mora com os dois filhos e o marido.
— Conseguimos salvar o carro, mas dentro de casa perdemos praticamente tudo. Esses R$ 2 mil não resolvem todos os problemas, mas já dão uma ajuda, e nesse momento toda ajuda é importante — diz.