Mais de R$ 4 milhões foram remetidos pelo Ministério da Saúde para a compra de aparelhos auditivos; apenas 1.010 pacientes receberam os materiais entre 2016 e 2021
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (28), a Operação Inaudível, ação que apura o desvio de recursos federais destinados à saúde do município de Bagé, na região da Campanha. O dinheiro, que supera os R$ 4 milhões, destinado pelo Ministério da Saúde e repassado pela Secretaria Estadual da Saúde para o município, deixou de ser aplicado na compra de aparelhos auditivos. Com isso, mais de dois mil pacientes ficaram receber as próteses.
A investigação teve início após uma auditoria realizada no Serviço de Reabilitação Auditiva de Bagé. Os auditores concluíram que, no período de 2016 até 2021, dos valores repassados para a aquisição dos materiais de 3.665 pacientes, apenas 1.010 receberam os aparelhos. O serviço do município atende a outras 22 cidades e uma reportagem do RBS Notícias, da RBS TV, revelou, em junho deste ano, que há casos de pessoas que morreram na fila de espera por um dos aparelhos.
O Ministério Público Estadual também apura os fatos na esfera administrativa. O órgão foi procurado e disse que investiga a prática dos atos de improbidade e que há um inquérito civil tramitando na Promotoria de Justiça Especializada de Bagé, que tem a atribuição de defesa do patrimônio público.
A reportagem de GZH entrou em contato com a Secretaria Estadual da Saúde, que alegou que o caso está no aspecto federal. O Ministério da Saúde foi procurado e ainda não se pronunciou sobre a operação e o desvio de recursos.
Ao todo, são cumpridos seis mandados de busca e apreensão na Secretaria Municipal de Saúde, no Serviço de Reabilitação Auditiva e no Centro Administrativo Municipal.
Procurada, a prefeitura de Bagé ainda não se manifestou sobre o assunto.
Sobre a operação que ocorreu hoje em Bagé, o Ministério Público informa que teve participação na investigação cível para apurar a prática de atos de improbidade administrativa, por meio do inquérito civil que tramita na Promotoria de Justiça Especializada de Bagé, que tem a atribuição de defesa do patrimônio público. A ofensiva e a investigação criminal relativa a esses fatos foram conduzidas pela Polícia Federal. No mais, considerando que a investigação de improbidade administrativa está em curso, não podemos fornecer mais detalhes.