Veículo, que viajava do Vale do Taquari a São Pedro do Atacama, capotou em rodovia que liga o país à Argentina, deixando duas pessoas mortas e outras 40 pessoas feridas; 12 seguem internadas e 22 retornaram ao Brasil no domingo
A tão sonhada viagem ao Chile, que vinha sendo planejada desde o ano passado pela professora aposentada Koia Fillmann, 60 anos, e pelo seu esposo, o empresário Ademir Luis Fillmann, 61, se tornou um pesadelo na última quinta-feira (25). Por volta de 20h, o ônibus em que eles estavam capotou na rodovia que liga a fronteira entre a Argentina e o Chile na região de Paso de Jama, matando duas mulheres e deixando 40 feridos.
Koia lembra que o grupo estava em viagem havia dois dias, após passar por Salta e Jujuy, na Argentina, quando o acidente aconteceu. A excursão era organizada pela empresa Vip Turismo, de Lajeado, em ônibus fretado pela DH Transportes, de Santa Maria, responsável pela viagem. O ônibus saiu de Lajeado, no Vale do Taquari, no dia 23 de abril, levando 42 passageiros — 39 turistas, uma guia e dois motoristas.
— A gente estava feliz, uns já se conheciam, outros foram se conhecendo na viagem. Logo que deu o acidente, começou aquela agonia. Todo mundo querendo ser atendido e gritando um pelo outro, procurando pelo nome, pela sua esposa, pelo seu esposo, querendo achar outras pessoas, querendo ser socorridas logo. E a gente tentando sair do ônibus, estava tudo quebrado, as coisas todas caíram de cima do bagageiro em cima de nós — lembra a professora.
Ela comenta que, mesmo San Pedro do Atacama sendo uma cidade pequena, o atendimento prestado foi muito rápido e eficiente. Koia lembra que fazia muito frio no momento do acidente. Ela recorda do momento em que ela e o marido conseguiram escapar, ao contrário de outras pessoas que tiveram ferimentos graves.
Na noite de domingo (28), o avião com 22 pessoas envolvidas no acidente pousou no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Entre os resgatados estavam Koia e Ademir, que já retornaram ao Vale do Taquari. A salvo e de volta ao lar, Koia lamenta as perdas das duas colegas de viagem, mas agradece pela vida.
— A gente tem muito a agradecer. Lastima a morte de duas amigas, lastima muito. Mas a gente agradece a Deus e a todos que oraram e mandaram energia boa pra nós. Agora é tentar tratar isso. Esse trauma, esse abalo emocional que foi bem grande, tá complicado. Não conseguimos tocar no assunto sem chorar, então, me desculpe, porque a emoção vem, mas a gente tá bem e agradecidos — diz emocionada.
Nora Edith Kunz, moradora de Poço das Antas, no Vale do Taquari, e Elenice Terezinha Mozzomo Preto, de David Canabarro, no norte do Estado, morreram no acidente.
Em nota enviada a GZH, o Itamaraty informou que, além das duas vítimas fatais, 12 pessoas seguem hospitalizadas e 22 retornaram ao Brasil. Segundo a nota, “o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Santiago, acompanha a situação e presta a assistência aos brasileiros envolvidos no acidente”.
O texto diz ainda que “o traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos”. Sobre os sobreviventes, o texto diz que “o Ministério das Relações Exteriores não fornece informações sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”.