Motorista de app diz à polícia que idoso gravado morto em banco no RJ estava vivo no trajeto - Agora Já -

Motorista de app diz à polícia que idoso gravado morto em banco no RJ estava vivo no trajeto



Paulo Roberto Braga, 68 anos, foi filmado sem vida dentro de uma agência bancária acompanhado de Érika de Souza Vieira Nunes, 42, que tentava obter um empréstimo de R$ 17 mil

Foto: Érika de Souza Vieira Nunes levou Paulo Roberto Braga sem vida a uma agência bancária para assinar um empréstimo. Redes sociais / Reprodução
18 de abril de 2024

Paulo Roberto Braga, 68 anos, estava vivo no trajeto até o banco onde foi gravado sem vida por funcionários do local na última terça-feira (16), segundo o motorista de aplicativo que levou o idoso ao local acompanhado de Érika de Souza Vieira Nunes, 42. O fato ocorreu em uma agência bancária de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

O Globo teve acesso ao depoimento à polícia em que o motorista disse que “ele (Braga) chegou a segurar na porta do carro”. Conforme o motorista, o episódio ocorreu no momento do desembarque do veículo, no estacionamento de um shopping no bairro.

Na sequência, Érika o colocou em uma cadeira de rodas. Ainda segundo o motorista, o idoso e a mulher não foram deixados na agência bancária, porque o acesso de veículos é proibido no local e, então, ele encerrou a corrida no shopping.

Em depoimento, o motorista afirmou ainda que a corrida foi acionada por volta das 12h26min de terça-feira e que, ao chegar no local, Érika estava aguardando no portão da casa com o idoso. No caminho, o motorista chegou a questionar a mulher como ela faria para descer com Paulo Roberto quando chegasse ao destino.

Contudo, a cuidadora alegou que pegaria uma cadeira de rodas da agência bancária para se deslocar com o idoso. O motorista afirmou que chegou a ficar sete minutos sozinho com o idoso no carro aguardando a mulher voltar com a cadeira de rodas até o estacionamento.

Outro rapaz que trabalha como mototaxista e ajudou a colocar o idoso no carro também foi ouvido. Ele conhecia tanto o idoso quanto Érika e confirmou em depoimento que o homem estava vivo ao ser colocado no carro.

— Quando entrei na casa, Paulo estava deitado na cama. Peguei Paulo pelos braços com a ajuda de Érika, e o levei até dentro do carro. Consegui perceber que ele ainda respirava e tinha forças nas mãos — disse.

Causa da morte

O laudo do IML aponta que a causa da morte foi broncoaspiração do conteúdo estomacal e falência cardíaca. A conclusão do perito que assinou o documento é de que “não há elementos seguros para afirmar, do ponto de vista técnico e científico, se o Sr. Paulo Roberto Braga faleceu no trajeto ou interior da agência bancária, ou que foi levado já cadáver à agência bancária”.

O laudo também expõe que Paulo Roberto estava “previamente doente, com necessidades de cuidados especiais”. À polícia, Érika se apresentou como cuidadora do idoso, além de apontar ser prima ou sobrinha de consideração dele.

Entenda o caso

Érika de Souza Vieira Nunes chegou a um banco em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro com Paulo Roberto Braga, 68 anos, em uma cadeira de rodas. Ele seria tio da mulher e estava com um empréstimo pré-aprovado na instituição. Para concluir a operação, de R$ 17 mil, era necessária a assinatura de documentos presencialmente. Foi durante esse processo que atendentes da agência perceberam que algo não estava certo.

Em imagens gravadas no local, o idoso aparece desacordado em uma cadeira de rodas e não responde às interações da mulher, que faz perguntas e comentários. Ela chega a perguntar se o homem está ouvindo e pede para que ele assine documentos solicitados pelo banco. “O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como”, diz em um trecho.

Funcionários do local alertaram a mulher sobre a aparência do idoso, que estava pálido e sem reações, e, em seguida, acionaram a polícia. Médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também estiveram no local e constataram a morte do idoso, que teria acontecido horas antes. De acordo com a Polícia Civil, o corpo do homem foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML).

A mulher foi conduzida para a 34ª DP (Bangu), onde foi autuada em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio a cadáver. A advogada de defesa do caso, Ana Carla de Souza Correa, afirma que o idoso chegou vivo à agência, contrariando a alegação de que ele já estava morto antes de chegar ao local.

Fonte : GZH 
Foto : Redes sociais / Reprodução

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