Anfíbio foi resgatado, passou por cirurgia e está em processo de recuperação no Hospital Veterinário da UPF
O Ministério Público de Passo Fundo investiga um caso tratado como maus-tratos ocorrido em Passo Fundo, no norte gaúcho. Um sapo-cururu foi encontrado com a boca colada no pátio de uma casa do bairro São Cristóvão, no último dia 4. O animal precisou passar por cirurgia e está em recuperação no Hospital Veterinário da UPF.
De acordo com a médica veterinária Michelli Ataide, uma moradora viu o animal no quintal de sua casa por dois dias seguidos e estranhou o comportamento do animal, que tentava entrar no pote de água dos cães.
Quando se aproximou, percebeu que a boca do sapo estava colada. Ela, então, recolheu o anfíbio e o levou para atendimento especializado no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (UPF).
— Depois da estabilização clínica, conseguimos fazer a remoção da cola que prendia a boca. Ele estava bastante ferido, inclusive como se tivesse um “corpo estranho” ali dentro (da boca) — relatou a médica veterinária, que é especialista em animais silvestres.
Ao constatar a presença de itens estranhos no corpo do animal, a equipe fez novos exames e identificou que havia uma obstrução na porção final do estômago, a caminho do intestino.
— Ainda não sabemos o que é esse corpo estranho ou se fazia parte de algum ritual, por exemplo. Mas com certeza é um objeto impossível de um sapo engolir sozinho — afirmou a médica veterinária.
O caso surpreendeu pela crueldade e funcionários do Hospital Veterinário buscaram o Ministério Público para relatar o ocorrido. De acordo com o promotor Paulo Cirne, responsável pelas questões ambientais, a situação configura maus-tratos:
— Essa é uma situação nova no MP. Já instauramos uma investigação a respeito, pois certamente causou sofrimento ao animal.
Agora, o sapo-cururu — que é fêmea — se recupera da cirurgia e já se alimenta sozinho.
Em outra ocasião, a médica veterinária também se deparou com um cão da raça Rotweiller morto com a boca totalmente costurada.
— Infelizmente ainda convivemos com esse tipo de maldade. Em pleno século 21 temos que lidar e solicitar empatia com todas as espécies — pontuou Micheli.
De acordo com o Batalhão Ambiental da Brigada Militar (BABM), só Passo Fundo teve 97 registros de maus-tratos de animais de 1º de janeiro a 10 de dezembro de 2024.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP), em todo o Estado foram 3.880 casos neste ano — uma média de 11 por dia.