Ministério Público do Trabalho recebe denúncias sobre jornada de aeronautas da Voepass e abre apuração - Agora Já -

Ministério Público do Trabalho recebe denúncias sobre jornada de aeronautas da Voepass e abre apuração



Procuradoria abrirá nova frente de investigação sobre possível descumprimento da lei que trata dos direitos dos tripulantes

Foto: Destroços do ATR-72-500 da Voepass que caiu na última sexta-feira (9). NELSON ALMEIDA / AFP
13 de agosto de 2024

Após a queda do ATR-72-500 da Voepass em Vinhedo (SP), que deixou 62 mortos na última sexta-feira (9), o Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu duas denúncias sobre supostas irregularidades nas condições de jornada de trabalho dos aeronautas da companhia.

A Procuradoria abrirá uma nova frente de investigação para apurar o possível descumprimento da lei que trata dos direitos dos tripulantes — pilotos, comissários de voo e mecânicos de voo.

As denúncias, sigilosas, ainda serão distribuídas para um procurador. A reportagem entrou em contato com a empresa e deixou espaço aberto para manifestações.

A Procuradoria abrirá uma nova frente de investigação para apurar o possível descumprimento da lei que trata dos direitos dos tripulantes — pilotos, comissários de voo e mecânicos de voo.

As denúncias, sigilosas, ainda serão distribuídas para um procurador. A reportagem entrou em contato com a empresa e deixou espaço aberto para manifestações.

Quando for aberto inquérito sobre supostas irregularidades na jornada de aeronautas, a Voepass passará a ser investigada em quatro frentes pela Procuradoria do Trabalho.

A Voepass já é alvo dos seguintes procedimentos:

  • Análise do “acidente de trabalho” envolvendo a morte dos quatro tripulantes do voo 2283 — apuração que tramita em Campinas;
  • Procedimento sobre condições do “meio ambiente de trabalho” em Ribeirão Preto (SP);
  • Apuração sobre possível descumprimento de cota de pessoas com deficiência.

Um piloto já acusou a companhia aérea de desrespeitar folgas e impor excesso de trabalho à equipe. A acusação ocorreu durante uma audiência pública da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) realizada em junho.

Sobre o episódio, a Voepass afirmou que “cumpre com todos os requisitos legais, considerando jornadas e folgas, de acordo com o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC-117 que disciplina a jornada e gestão da fadiga dos tripulantes”.

Segundo levantamento realizado junto ao Ministério Público do Trabalho, a Voepass tem quatro condenações definitivas em ações civis públicas relativas ao não pagamento de verbas trabalhistas e benefícios.

As condenações somam R$ 2.664.100 em valores da época em que se iniciou a fase de execução — valor desatualizado, sem juros e mora.

Os processos ainda aguardam a quitação em razão de um Plano Especial de Pagamento Trabalhista, aprovado pela Justiça. Isso porque a preferência de pagamento vai para ações individuais dos trabalhadores e ex-trabalhadores da empresa.

Em 2018, a empresa fechou um acordo judicial com o Ministério Público do Trabalho e se comprometeu a seguir uma série de obrigações quanto a seus colaboradores aeroviários. O ajuste não abrange os funcionários sujeitos à jornada prevista na lei dos aeronautas.

As obrigações incluíam a abstenção de prorrogar a jornada normal de trabalho além de duas horas diárias; conceder um descanso semanal de 24 horas consecutivas; e autorizar intervalo para repouso ou alimentação de, no mínimo, uma hora.

A Procuradoria informou que, recentemente, recebeu denúncias de supostas irregularidades na jornada de trabalho dos aeroviários, de modo que elas foram juntadas ao procedimento que acompanha o cumprimento do acordo judicial e ainda serão analisadas.

Fonte : GZH 
Foto : NELSON ALMEIDA / AFP

 


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