Ministério Público denuncia quatro pessoas no caso de caminhoneiro desaparecido em Bom Jesus - Agora Já -

Ministério Público denuncia quatro pessoas no caso de caminhoneiro desaparecido em Bom Jesus



Os crimes apontados são de homicídio duplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual

Foto: Arquivo pessoal / Divulgação
10 de outubro de 2023

O Ministério Público (MP) denunciou, na tarde desta segunda-feira (9), quatro pessoas pela morte de Luciano Boeira Melos, 27 anos, caminhoneiro de Bom Jesus desaparecido desde o dia 26 de julho. A mulher com quem Luciano mantinha um relacionamento, Fabiana Saraiva, 25 anos, o marido dela, Felipe Noronha, 29, o pai dela, José Baldoino Saraiva, 62, o irmão do marido, Flávio Noronha, 34, foram denunciados por homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e emboscada), ocultação de cadáver e fraude processual.

Segundo o promotor Raynner Sales de Meira, os crimes de homicídio duplamente qualificado e de ocultação de cadáver já estavam no indiciamento da Polícia Civil, remetido no final de setembro. O MP acabou acrescentando a fraude processual, já que os denunciados teriam apagado mensagens de conversas que tiveram, entre si, no dia do crime. De acordo com o promotor, o objetivo da ação era esconder provas.

— Além disso, o crime de fraude processual decorre da tentativa de simular um acidente de trânsito, ao descartarem a motocicleta da vítima em um rio, distante 30 quilômetros do local do crime — acrescenta Meira.

Para o MP, assim como para a Polícia Civil, Melos foi morto após Felipe Noronha descobrir a relação extraconjugal de Fabiana com a vítima. Os denunciados estão recolhidos no Presídio Estadual de Vacaria desde 17 de agosto.

A reportagem entrou em contato com os advogados de defesa dos denunciados. O advogado de José Baldoino Saraiva, Adelar Velho Varela, diz ter “convicção total que a inocência dele será  provada no decorrer do processo”. A advogada de Flávio Noronha, Keli Cordova, informou que “acredita nas verdades dos fatos a nas provas em seu favor e nas provas ainda a serem esclarecidas para comprovar a sua inocência e aguarda a rápida administração da justiça para que ele retome sua vida normal”. Até a publicação desta reportagem, o advogado Ezequiel Carlotto, que representa Felipe Noronha e Fabiana Saraiva, não retornou o contato da reportagem.

Relembre o caso

Na quarta-feira, 26 de julho, Luciano teria arrumado a casa onde mora. A residência mista, de concreto e madeira, fica ao lado da casa da mãe, Elizete Boeira, 45 anos. Com a faxina, que fez tanto dentro, quanto fora do local, o caminhoneiro parecia estar esperando alguém. Conforme a família, um comerciante revelou que, naquele mesmo dia, ele teria comprado lençol e fronhas de travesseiro novos e feito questão que os itens fossem entregues naquela quarta.

No fim do dia, o caminhoneiro teria pedido para a mãe preparar o jantar e já havia guardado a moto na garagem. Enquanto Elizete dobrava roupas e aguardava o jantar ficar pronto, ouviu o filho saindo de moto, sem avisar para onde ia. A mãe diz ter sentido um aperto no peito na mesma hora e começado a enviar mensagens e fazer ligações para o filho, pedindo que ele voltasse para casa.

Segundo Elizete, que recebeu a reportagem do Pioneiro no dia 4 de agosto, ele “saiu para ir ali e já voltar, não saiu com a intenção de não dormir em casa, deixou tudo ligado”. Às 19h40min o caminhoneiro enviou uma mensagem para a mãe dizendo que tinha ido na cidade. Para o irmão Lucas Silva, Luciano revelou ter ido encontrar com a mulher. Esses foram os últimos contatos feitos com a família.

Segundo a Polícia Civil, depois de Luciano ser morto, os agora denunciados teriam deixado a moto do caminhoneiro na localidade de Casa Branca, a cerca de 30 quilômetros do ponto onde Luciano havia se encontrado com a mulher. O veículo foi encontrado sob uma ponte.

Além dos celulares, armas de fogo dos denunciados foram periciadas, mas nada foi encontrado. Supostos vestígios de sangue em três veículos também passaram por perícia, mas, conforme o delegado, nada foi comprovado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).

Fonte : GZH 
Foto : Arquivo pessoal / Divulgação

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