Único medicamento para tratar atrofia muscular espinhal, zolgensma custa R$ 6 milhões. Gabriel Carvalho Zamboni, de dois anos anos e três meses, se prepara para dar os primeiros passos nas sessões de fisioterapia
Cem dias depois de receber a aplicação do zolgensma para tratamento da atrofia muscular espinhal (AME), Gabriel Carvalho Zamboni, de anos anos e três meses, já fica em pé sem auxílio das órteses e se prepara para dar os primeiros passos nas sessões de fisioterapia. O medicamento é considerado o mais caro do mundo: custa R$ 6 milhões.
— Ele já ensaia passos na esteira com a fisioterapeuta. Ele disse que quer caminhar. É incrível ver a força nas mãos, nos braços, é um milagre. É o milagre da ciência essa medicação — celebra a mãe do menino, Cassiana Alvina Carvalho.
A mãe vem registrando o processo de recuperação do filho em imagens. Conforme ela, já no primeiro mês após a aplicação do zolgensma houve melhora do controle do tronco, aumento da força física e da disposição. A partir do mês seguinte, o menino já conseguia ficar em pé com ajuda da órtese. Atualmente, ele se equilibra sem o dispositivo.
— Gabriel agora já curte a infância, o que era quase impossível antes — comemora a mãe.
Gabriel é natural de Tapejara, no norte do RS , mas recebeu a aplicação da medicação em um hospital de Curitiba, no Paraná, em março. Conforme a família, a decisão se deu após eles encontrarem uma profissional considerada uma das referências nacionais no tratamento de AME e pela falta de agenda dos médicos especialistas em Porto Alegre.
Gabriel foi diagnosticado com AME em maio de 2023. O resultado do exame que atestou a doença chegou na segunda-feira seguinte ao Dia das Mães, recorda Cassiana. No mesmo mês, a família protocolou um processo na 2ª Vara da Justiça Federal de Passo Fundo.
— Foram praticamente 10 meses entre a entrada do processo e o cumprimento da decisão — relembra a mãe do menino.
O juiz federal substituto Fabiano Henrique de Oliveira fixou multa por descumprimento de decisão judicial no valor de R$ 50 mil. O medicamento foi aplicado no dia 22 de março. Pesquisas apontam maior eficácia em pacientes de até 2 anos de idade.
O remédio é uma terapia gênica que devolve ao paciente o gene faltante. Ele foi desenvolvido por um laboratório nos Estados Unidos, é vendido por uma empresa suíça e custa cerca de R$ 6 milhões. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o tratamento em 2020.