Dois profissionais foram alvo de operação de busca na manhã desta quinta-feira, em Cachoeira do Sul e Bagé. Instituto diz que prática é proibida, e MP afirma que existe crime na cobrança.
Dois médicos conveniados ao plano de saúde dos servidores do Rio Grande do Sul, o IPE Saúde, foram alvo de operação policial na manhã desta quinta-feira (22) por suspeita de cobranças indevidas por consultas e cirurgias. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em locais ligados a médicos de Bagé, na Fronteira Oeste do RS, e Cachoeira do Sul, na Região Central.
O objetivo da operação, segunda a polícia, é apreender documentos, celulares e outros materiais que possam ajudar na investigação. Segundo o Ministério Público (MP), existe a prática de crime de extorsão.
A RBS TV tentou contato com os dois médicos, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
De acordo com a polícia, há relatos de pacientes que pagaram até R$ 2,8 mil por fora pra fazer uma cirurgia no aparelho digestivo. Esse tipo de cobrança é ilegal, uma vez que o procedimento já é coberto pelo IPE.
“O que chegou para nós inicialmente foi que um paciente do municipio de Bagé havia se submetido a uma cirurgia com um médico bastante conhecido naquele município e dele havia sido cobrado um valor de R$ 2,8 mil. Por saber pelo IPE que era uma cobrança ilegal, ele procurou a ouvidoria do Ipê e também fez o registro de uma ocorrência policial lá em Bagé, que chegou ao nosso conhecimento”, explica o delegado Max Ritter, responsável pela operação na Fronteira Oeste.
O outro médico, de Cachoeira do Sul, foi denunciado por um paciente, que procurou o IPE, alegando ter pago R$ 3,5 mil para ser operado.
“Muitos pacientes se sentem constrangidos, se sentem intimidados a denunciar o médico, ainda mais em algumas regiões onde não tem tantos profisisonais disponíveis. Essa investigação visa também encorajar as pessoas que venham, falem e denunciem os casos que ocorreram com elas”, diz Augusto Zenon, delegado responsável pelo caso em Cachoeira do Sul.
A polícia chegou a pedir a prisão dos médicos, mas a Justiça negou. Os dois profissionais, no entanto, foram proibidos de exercer a medicina até a conclusão das investigações.
Em maio de 2022, o IPE Saúde criou uma ouvidoria para receber queixas dos usuários. As denúncias de cobranças passaram de 18, em dezembro, para 38 em janeiro.
OUVIDORIA DO IPE SAÚDE