Volante ganhou mais liberdade com Roger Machado e inclusive tem duas participações diretas em gols
Não foi fácil tirar Thiago Maia do Flamengo. A negociação que se iniciou em 2023 só foi concluída no último dia da primeira janela de transferências do Brasil, em 7 de março. O volante custou a entrar em campo e não fez parte do Gauchão. Depois teve enchente, lesão. E só agora, entre agosto e setembro, conseguiu mostrar sua qualidade — é o líder de passes certos do time no campeonato. Inclusive no setor ofensivo.
Partiu de um desarme (sua especialidade) e logo depois de uma finalização com a frieza de um centroavante veterano o empate que depois se transformaria em vitória sobre o Juventude, a primeira de Roger no Inter, no Beira-Rio. Contra o mesmo rival, mas no Alfredo Jaconi, deu uma assistência perfeita, que deixou Gabriel Carvalho sem goleiro para fazer o segundo do 3 a 1 em cima da equipe de Caxias do Sul.
Nessas duas partidas, há um ponto em comum. Em ambas, Thiago Maia foi segundo volante. Desde 14 de agosto, no 2 a 1 sobre o Juventude, o jogador de 27 anos tem atuado ao lado de algum jogador com características de marcação e força, o que lhe permite se soltar um pouco mais. Por isso, pôde desarmar Lucas Barbosa dentro da área no Beira-Rio (no jogo em que fez o gol) e aparecer na área como ponta-esquerda no Jaconi. Nesses jogos, Rômulo era seu companheiro. Nos confrontos com o Cruzeiro, Fernando era sua dupla.
Roger explicou que, desta forma, dá mais liberdade a Thiago Maia e tenta aproveitar a capacidade de desarme já em campo ofensivo. E também o deixa avançar, pisar na área e aproveitar sua vitalidade.
Claro que houve falhas. Duas em especial marcaram, ambas parecidas. Erros de domínio ou de passe na própria área, contra Vitória e Atlético-GO, custaram pontos importantes. Em nenhuma delas, porém, ele se escondeu. Pelo contrário: contra os goianos, por exemplo, apareceu para dar entrevista, pedir perdão pelo erro e explicar a derrota:
— Sempre fui um cara próximo à torcida. Fiquei devendo e peço desculpas. Futebol tem dessas. Não erramos querendo errar.
Nessa mesma entrevista, falou sobre as diferenças de trabalho entre Roger e Coudet, o que de certa forma causou polêmica. Sempre que pôde, deu força ao treinador (inclusive ao argentino, em abril). Demonstra, ao menos publicamente, ser líder no vestiário. E está engajado na comunidade, como demonstrou nos resgates durante a enchente.
A outra polêmica na qual teve seu nome citado não faz parte de suas responsabildades. É que para contratá-lo, o Inter acertou comprar 50% dos direitos por 4 milhões de euros (cerca de R$ 21,6 milhões) para Flamengo e Lille. O clube carioca cobrou publicamente a direção colorada pelo não pagamento de R$ 1,5 milhão referente à primeira parcela.
Dinheiro à parte, agora, o desafio é manter o bom momento de antes da parada da data Fifa no jogo atrasado que vai ser recuperado nesta quarta-feira, contra o Fortaleza. Para isso, Thiago Maia é fundamental. Especialmente porque ele tem sido uma espécie de termômetro do time: quando vai bem, o Inter vai junto; quando vai mal, o time sente.