Algumas imagens continham nudez, outras eram ensaios sensuais e em algumas elas estavam de biquíni
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Santa Maria, na Região Central, indiciou um jovem de 26 anos que teria publicado fotos íntimas de cerca de 40 mulheres em site pornográfico. O suspeito, que não teve o nome divulgado, é ex-namorado de três das vítimas e amigo de outras.
O suspeito foi responsabilizado em 15 inquéritos por difamação e violência psicológica. Em cinco casos, nos quais as vítimas tiveram imagens nuas divulgadas, o indiciamento foi por divulgação de cena de sexo ou pornografia.
— Essa conclusão com o indiciamento fortaleceu um pouco mais essa luta dessas mulheres em busca de responsabilização por tudo que elas sofreram. Esse indiciamento só trouxe mais fortalecimento a esse grupo que realmente acredita na Justiça — afirma a advogada Renata Quartiero, que representa as vítimas.
Em 8 de dezembro do ano passado, as vítimas descobriram que as fotos estavam em site pornográfico. O namorado de uma delas foi avisado por uma amiga, que viu a imagem e disse ter reconhecido a companheira dele.
A partir de então, as mulheres foram se reconhecendo no site e avisando umas às outras. Um grupo foi formado no WhatsApp para reunir todas e trocar informações. Foram encontrados 44 álbuns ligados a um usuário deste site. Apenas um reunia fotos de mulheres sem identificação. Os demais tinham nomes ou apelidos das vítimas, quase sempre acompanhados de algum comentário pejorativo.
Duas vítimas afirmam ter conhecido o homem por aplicativos de relacionamento. Outras seriam namoradas de amigos do suspeito, que teria feito print de fotos das vítimas nas redes sociais. Há também mulheres que nem o conheciam.
Algumas fotos das vítimas continham nudez, outras eram de ensaios sensuais e em algumas as mulheres estavam de biquíni. Muitas imagens foram feitas enquanto as vítimas tomavam banho ou dormiam. Duas delas afirmaram que mandaram as imagens ou permitiram que ele as fizesse para ajudá-lo a superar o vício em pornografia, problema que ele dizia ter.
Segundo a delegada Elizabete Shimomura, responsável pela investigação, prints do site feitos pelas vítimas foi fundamental:
— Tivemos uma grande ajuda das próprias vítimas nessa investigação. Quando elas perceberam que havia fotos delas nesse site, elas formaram o grupo e já começaram a armazenar essas imagens. Logo depois, ele, como conhecedor de informática, passou a retirá-las do site, excluir as vítimas, os namorados delas e amigos das redes sociais dele. Se não fosse o auxílio material fornecido por elas não teríamos tantas informações robustas.
Em algumas imagens publicadas no perfil do site pornográfico, havia a hashtag revengeporn, que significa vingança pornográfica. Essa expressão é usada quando um ex-namorado expõe imagens íntimas da companheira para se vingar.