Governo federal anuncia programa para pagar parte dos salários de 434 mil trabalhadores para evitar demissões no RS - Agora Já -

Governo federal anuncia programa para pagar parte dos salários de 434 mil trabalhadores para evitar demissões no RS



Ação foi informada em coletiva de imprensa no Esporte Clube Rui Barbosa, na cidade de Arroio do Meio, na quarta visita de Lula ao Estado desde o início das cheias

Foto: Lula assinou três medidas provisórias na tarde desta quinta-feira. Renan Mattos / Agencia RBS
7 de junho de 2024

Em visita a cidades do Vale do Taquari atingidas pela enchente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou novas medidas de auxílio ao Rio Grande do Sul, nesta quinta-feira (6). Em entrevista coletiva concedida no Esporte Clube Rui Barbosa, na cidade de Arroio do Meio, Lula assinou programa de manutenção de emprego e renda voltado a trabalhadores de empresas atingidas pela enchente.

— Por medida provisória, vamos oferecer duas parcelas de um salário mínimo a todos os trabalhadores formais do RS que foram atingidos na mancha, não somente nos municípios em calamidade e emergência, mas desde que estes municípios estejam atingidos pela mancha da inundação — enfatizou o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, sobre o perfil das empresas que poderão aderir ao programa.

Estão incluídos no programa segmentos de trabalhadores em regime CLT (326.086), domésticos (40.363), estagiários (36.584) e pescadores artesanais (27.220), totalizando 434.253. Como contrapartida, as empresas deverão manter os empregos por mais dois meses, totalizando uma estabilidade de quatro meses. A medida provisória precisará ser aprovada pelo Congresso Nacional.

— Diferentemente da pandemia, quando benefício foi para ficarem em casa, este momento é de reconstrução — acrescentou o ministro.

Além do benefício focado aos trabalhadores, Lula assinou outras duas medidas provisórias. Uma delas viabiliza o apoio financeiro a municípios que não foram atendidos anteriormente, num repasse previsto em R$ 124 milhões, segundo o governo.

O outro texto amplia o número de famílias que receberão o Auxílio Reconstrução de R$ 5,1 mil. A MP beneficia moradores de municípios que não foram contemplados na primeira leva da medida.

— A MP que assina hoje vai alcançar todos os municípios que a Defesa Civil Nacional junto com a Defesa Civil do governo do Estado e municipais entenderam atender o regramento da situação de emergência e calamidade — detalhou o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

Para o ministro, essa atualização da MP será uma “correção importante”. De acordo com o chefe do Desenvolvimento Regional, até o momento, foram aprovados 161 mil benefícios às famílias atingidas pelas enchentes. A previsão é que, nas próximas duas semanas, o benefício atinja 240 mil famílias.

— As regiões mais aglomeradas, mais densas, já foram alcançadas. Agora, a gente tem que refinar isso para chegar aos locais mais distantes — disse Góes.

— Mas a expectativa é que nas próximas duas semanas, a gente alcance a meta que foi estabelecida onde 1 milhão de pessoas, em torno de 240 mil famílias, serão beneficiadas com Auxílio Reconstrução — finalizou.

Discurso de Lula

Após o anúncio, Lula ressaltou que além de medidas a curto prazo, soluções para que tragédias deste tipo não se repitam também precisam ser pensadas.

— A lição que a gente tira disso é que a gente vai ter que fazer as coisas com mais responsabilidade e com mais cuidado. Nós não temos o direito de fazer a casa das pessoas aonde a água vai chegar. E qualquer cidadão humano, de inteligência média sabe que a várzea é o local de escoamento do excesso de água de um rio — disse Lula.

O presidente afirmou que o governo federal irá discutir projeto para levar o excesso das águas dos rios do Rio Grande do Sul para o mar sem atingir as cidades da região gaúcha. Lula também citou projeto para fazer casas em locais mais seguros em razão das mudanças climáticas.

— Estamos pensando que vamos discutir o projeto para que a gente leve a água do excesso dos rios diretamente ao mar sem encher nenhuma cidade — afirmou o presidente da República.

Lula reconheceu que a ideia pode levantar críticas sobre a quantidade de recursos necessários e até condenação da ideia por ambientalistas. Contudo, ressaltou que a reconstrução custa mais caro. Depois, o presidente ressaltou a necessidade de que essa tragédia não caia no esquecimento:

— É importante que a gente não permita que a aconteça no Rio Grande do Sul o que já aconteceu tantas vezes nesse país. Há uma desgraça, a televisão divulga, as pessoas choram, ficam comovidas, o tempo vai passando. Daqui a pouco todo mundo esqueceu, aquilo que foi prometido não foi feito e somente quem cai na desgraça é o povo pobre que mora em lugares mais degradantes — afimou o presidente.

Visita ao RS

Esta é a quarta vez que o presidente vem ao Estado com sua comitiva desde que o evento climático começou. Pela manhã, a equipe desembarcou em Cruzeiro do Sul e visitou o bairro Passo de Estrela, um dos mais afetados pelas cheias. No início da tarde, Lula visitou Arroio do Meio e percorreu espaços destruídos pela chuva no bairro Navegantes.

— Estou aqui cumprindo o que minha mãe dizia, que o que os olhos não veem o coração não sente. Então, apenas falar que teve uma enchente no Rio Grande do Sul é uma coisa, mas a gente ver com os olhos o que aconteceu de verdade me faz voltar para Brasília com mais disposição de fazer com que a burocracia diminua muito porque o povo tem pressa — disse Lula em meio a famílias afetadas pelas enxurradas, antes da entrevista coletiva.

Comitiva federal

Acompanham Lula no RS os ministros José Múcio Monteiro, da Defesa; Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego; Nísia Trindade Lima, da Saúde; Jader Filho, das Cidades, e o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, que chefia o Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do RS, também está presente. Já a primeira-dama, Janja da Silva, cumpre agenda em Guaíba.

Nas viagens anteriores ao Estado, o presidente visitou Santa Maria (no dia 2 de maio), Porto Alegre (dia 5) e São Leopoldo (dia 15).

Fonte : GZH 
Foto : Renan Mattos / Agencia RBS 

Presidente concedeu entrevista coletiva após visitar áreas atingidas.
Renan Mattos / Agencia RBS

Lula e a ministra de Saúde, Nísia Trindade.
Renan Mattos / Agencia RBS


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