Matheus Araújo Chagas, 31 anos, foi detido em casa no dia 24 de agosto após 2ª Delegacia de Polícia do município deflagrar operação que deteve outras quatro pessoas
Recém-formado bacharel em Direito e projetando iniciar estágio em conhecido escritório de advocacia em Pelotas, Matheus Araújo Chagas, 31 anos, teve uma reviravolta em sua vida, a qual atingiu também sua família. Ele foi preso em decorrência de uma investigação policial sobre tráfico de drogas no dia 24 de agosto e prossegue detido em caráter preventivo no Presídio Regional do município. A família, no entanto, sustenta que Matheus é inocente e teria sido implicado por equívoco nas investigações.
— Meu irmão é um homem honesto, esportista e comprometido com a família. Não usa drogas e jamais esteve envolvido com nada de errado. Foi preso em uma investigação em que a polícia se baseou em vídeos que fez enquanto observava um amigo que tem amizade com ele desde a infância. Eu levava os dois juntos para escola quando eram pequenos. Estamos impotentes, pedindo que revejam esta decisão, mas não estamos sendo ouvidos — conta Maira Araújo Chagas, 41 anos, irmã de Matheus.
Maira afirma que os pais, Mário Albano, 76 anos, e Cleuza, 62, estão arrasados. Matheus é quem os auxilia nas tarefas do cotidiano. A imagem do filho é de um jovem esforçado, prestativo e apaixonado por futebol. A família foi surpreendida pela ação de busca e apreensão ocorrida no mesmo dia em sua casa. Segundo ela, nenhum indício de crime foi localizado na residência.
Para a família, ele teria sido envolvido na investigação por ter relação de amizade muito próxima com o principal alvo das investigações, um homem da mesma idade de Matheus, que não teve sua identidade divulgada. A polícia, durante buscas na casa deste alvo investigado, apreendeu 1,5 quilo de cocaína, quatro quilos de maconha e duas balanças de precisão.
Em vídeos gravados pela polícia no curso das investigações, Matheus aparece em companhia deste investigado. Segundo a irmã, a família está sendo assistida por advogado e um pedido de habeas corpus foi feito em 1º de setembro, entretanto foi rejeitado pela Justiça.
— Ontem (28), minha mãe conseguiu visitar o filho dela pela primeira vez desde a prisão. Levou comida e roupas. Meu irmão pediu que levasse uma chuteira e um calção, pois ele já deu um jeito de praticar seu esporte favorito, mesmo que seja naquele lugar. Ele está na ala dos trabalhadores, conquistou a confiança da direção da cadeia e foi encarregado de auxiliar em serviços de administração, pois é educado e inteligente. Não é justo uma pessoa boa estar presa entre criminosos — desabafa Maira.
O delegado César Nogueira, responsável pelas investigações que conduziram Matheus à prisão, afirma estar convicto de que a apuração realizada pelos agentes da 2ª Delegacia de Polícia de Pelotas foi precisa ao apontar a participação de todos os investigados. Cinco pessoas, sendo quatro homens e uma mulher, foram indiciadas por tráfico de drogas e associação criminosa.
— Temos provas robustas sobre a participação de cada um dos investigados. Estes elementos de comprovação estão no inquérito que foi remetido ao Poder Judiciário na última sexta-feira (dia 22 de setembro). Além da vigilância, estabelecemos a relação de compra e venda através da apreensão de 500 gramas de cocaína com um mulher que aparece em um dos vídeos entregando dinheiro e pegando a droga. Matheus estava no carro — aponta o delegado.
Nogueira diz que o tempo de permanência de Matheus em companhia do outro homem preso é “muito grande” para produzir a suposição de que ele não sabia sobre as atividades imputadas ao alvo da operação. Conforme Nogueira, o principal investigado está preso em Santa Catarina, pois, dias antes da operação em Pelotas, ele teria empreendido fuga para o Estado vizinho, após saber sobre a prisão por meio de uma pessoa que seria de suas relações.
— Fomos ao município de São José, na região metropolitana de Florianópolis, para prendê-lo. Na busca que precedeu sua prisão, aqui em Pelotas, havia uma quantidade expressiva de entorpecente. Estamos falando de valor superior a R$ 45 mil reais. Não é uma quantidade casual. É uma situação que enseja que este tráfico está conectado a alguma facção. O Ministério Público chancelou e o Poder Judiciário decidiu pela manutenção das prisões, confirmando que a polícia agiu de forma correta — conclui Nogueira.
A reportagem também pediu informações ao Poder Judiciário estadual, mas não recebeu retorno.