Diretor esportivo foi desligado no domingo; clube procura substituto, que pode envolver até mais de um nome
A saída de Magrão, comunicada no final da noite de domingo, estava decidida desde antes de a bola rolar contra o Athletico-PR. O diretor esportivo não estava mais com o foco necessário para uma função tão importante como desgastante.
A pressão pela falta de vitórias do Inter juntou-se às reações de torcedores nas redes sociais por suas ações no cargo. E agora a direção busca reposição, o que pode significar não só um novo profissional, mas até dois.
Em todos os contatos, com microfones abertos ou fechados, os dirigentes do Inter fizeram questão de blindar Magrão. A imagem do ídolo do campo, figura importante de uma geração vencedora entre 2007 e 2009, precisa ser preservada. Mas o desgaste dos últimos dias foi evidente.
Esse desgaste aumentou na proporção das postagens feitas pelo jornalista Thiago Suman, a respeito da participação de Magrão na negociação de Lucca Drummond, cujo empresário era seu ex-sócio, e de uma possível contratação do filho do dirigente.
Na entrevista coletiva após a partida contra o Athletico-PR, o presidente Alessandro Barcellos levou uma série de papeis onde estava um roteiro para rebater cada uma das alegações do repórter. E um comprovante da CBF afirmando que Magrão não tinha mais empresas ativas para representar atletas, função que exercia antes de assumir o clube.
Mas por mais que tenha defendido publicamente o ex-funcionário, o movimento ocorreu tarde demais. Barcellos relatou que familiares de Magrão foram ofendidos nas redes sociais, até em tons ameaçadores. E que isso abalou o ex-meia. O dirigente deixou de cumprir suas funções para buscar defesa. Em um momento de crise esportiva e de janela aberta, pode ser fatal.
O perfil explosivo de Magrão não combinou com as necessidades atuais. O time precisa de um empurrão, e as negociações, de conclusão. Internamente, o entendimento é de que o afastamento ajudaria o clube, o time e o ambiente. Por isso, a conversa entre os dirigentes políticos e os profissionais foi amistosa.
— Magrão, o melhor é sair, arejar a cabeça, te defender com tranquilidade — foi uma das frases da reunião que selou a saída do diretor, que não deixou o clube antes porque ajudou na transição de Eduardo Coudet para Roger.
Agora, o desafio é substituí-lo. O dilema se dá pela dificuldade do mercado. Sem um nome evidente e com poucos livres, é possível que o Inter contrate até dois profissionais, um que faça tarefas mais burocráticas, trabalhe “da porta para dentro”, e um para lidar com as questões públicas, dar entrevistas etc. Alguém identificado com o clube. O Inter não descarta mudar o organograma atual se for preciso.
A garantia da direção é de que nada disso está atrapalhando na busca por reforços. O processo de contratação está sendo conduzido pelos diretores jurídico Felipe Dallegrave e de mercado, Ricardo Caco Sobrinho, além de Alessandro Barcellos, do vice José Olavo Bisol e de Roger. Os laterais-direitos buscados, Guga (do Fluminense) e Mateus Henrique (do América-MG) estão sendo negociados. Um zagueiro segue na mira. Se aparecer algum negócio de ocasião para o setor ofensivo, também será avaliado.
Tudo isso é uma tentativa a mais de distensionar o ambiente. Na quarta-feira (14), o Inter recupera uma das rodadas atrasadas do Brasileirão, contra o Juventude, no Beira-Rio. E para aplacar a situação, apenas uma vitória resolverá. Não há mudanças de bastidores que resistam à falta de resultados.