"Ela vivia em uma situação absurda", diz delegada sobre caso de mulher mantida sob cárcere há sete anos em Santana do Livramento - Agora Já -

“Ela vivia em uma situação absurda”, diz delegada sobre caso de mulher mantida sob cárcere há sete anos em Santana do Livramento



Suspeito foi detido durante uma ação da Polícia Civil na segunda-feira; vítima conseguiu pedir socorro a uma familiar por app concorrente do TikTok

Foto: Porta que dá acesso à casa tem uma tranca externa Polícia Civil / Divulgação
9 de janeiro de 2025

Muros altos, porta trancada por fora, câmeras de segurança dentro de casa. Essa foi a estrutura encontrada pela Polícia Civil ao acabar com um cárcere privado de sete anos em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, na segunda-feira (6).

A ação resultou na prisão em flagrante de um homem de 47 anos, suspeito de manter confinados a própria família: a esposa, de 43, e os filhos de oito e 12 anos.

— Ninguém conseguiria sair da casa se acontecesse alguma situação, e ele (o suspeito) não pudesse abrir a porta — resumiu Giovana Müller, delegada responsável pela investigação.

A prisão ocorreu no centro de Santana do Livramento, em uma propriedade utilizada como um estabelecimento comercial e casa do suspeito e das vítimas.

O comércio – a polícia não detalha de qual tipo – fica na frente e existe um pátio atrás, onde está localizada a moradia. Ali a mulher ficava presa enquanto o homem trabalhava.

— As janelas tinham grades. O único caminho para a casa é um corredor, cujo acesso é por uma porta que tem uma tranca que se abre só pelo lado de fora. Mesmo que fosse para o pátio, a mulher não teria como sair porque o lugar é todo murado. Ela vivia em uma situação absurda — acrescentou Giovana.

Polícia Civil / Divulgação
Armas e munições apreendidas na chácara do suspeito.Polícia Civil / Divulgação

Conforme a delegada, a violência tem origem em um desentendimento familiar ocorrido em 2018, no qual a mãe da companheira teria sido impedida de ter contato com a filha e os netos; a avó iniciou ação civil para ver as crianças.

A mulher tinha acesso ao WhatsApp, mas não recebia autorização do marido para usar as redes sociais. O uso era controlado por câmeras de segurança localizadas na casa e acessadas pelo suspeito no estabelecimento comercial.

Se ela precisasse de algo, o contato era feito apenas pelo aplicativo de mensagem; eram raros os momentos em que a vítima podia sair – levar filhos à escola e ir ao mercado, sob supervisão dele, estão entre as exceções.

— Ela sofria violência física e psicológica, era humilhada, menosprezada. Há três anos foi para o hospital por causa de uma agressão, mas omitiu o problema. Ele dizia que tiraria a guarda dos filhos e que ela ficaria sem nada. A mulher entrou em um ciclo de violência — pontua Giovana.

O suspeito não prestou depoimento à polícia. Segundo a delegada, de maneira informal, ele justificou que, por questão de segurança, mantinha a casa fechada por conta de o filho caçula ser autista.

A polícia descobriu a situação após a vítima pedir socorro pelo Kwai, um aplicativo de compartilhamento de vídeos curtos. Na mídia social, ela encontrou uma irmã com quem não falava havia 10 anos e pediu ajuda. Uma advogada foi contatada e fez o registro na polícia.

O suspeito também responderá por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, já que oito armas de diferentes calibres e 500 munições foram localizadas na chácara da família no interior do município. Ele não tinha antecedentes criminais e a polícia diz que os filhos não sofriam agressões físicas.

Na tarde desta quarta-feira (8), a Justiça converteu a prisão em preventiva, segundo a delegada Giovana. Zero Hora contatou o Tribunal de Justiça, que até a publicação desta reportagem não respondeu sobre a situação do suspeito.

Com a conversão da prisão, o homem continuará detido na Penitenciária Estadual de Santana do Livramento. As vítimas estão na casa de familiares.

Fonte : GZH 
Foto : Polícia Civil / Divulgação

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