No ano passado, cidade registrou uma morte e 131 desalojados após enchente do Rio Passo Fundo
Desde a enchente de setembro de 2023, que deixou uma pessoa morta e outras 131 desalojadas em Passo Fundo, no norte do Estado, algumas mudanças foram executadas para que desta vez, o município não sofresse tanto com as chuvas. Diversas secretarias municipais, junto à Defesa Civil, realizam trabalhos constantes de monitoramento das áreas de risco e limpeza dos rios.
Localizada no Planalto Médio e banhada pelo rio Passo Fundo, a cidade é formada por elevações e depressões, o que leva ao alagamento das regiões mais baixas se não houver manutenção e limpeza correta. Os erros do ano passado motivaram a cidade a estudar e fortalecer as ações: desde então, foram retiradas 100 toneladas de resíduos dos leitos dos rios, em 26 áreas.
Entre as ações listadas pelo secretário de Meio Ambiente, Enílson Gonçalves estão intervenções nas áreas de inundação, monitoramento nas cabeceiras dos rios, retirada de detritos, assoreamentos e replantio de mata ciliar nas encostas.
— São formas de evitar que o leito do rio venha para a cidade. Porque o que vivemos não são mais “eventos”, o trabalho precisa ser contínuo. Acendemos um alerta, atualizamos o plano de contingência e agora sabemos o que fazer num momento de crise. Aprendemos a prever situações, que podem ser mais frequentes, mas estaremos mais preparados — resume Gonçalves.
A partir do Plano de Contingência, elencou-se áreas de atenção na cidade, que recebem os trabalhos da Secretaria de Meio Ambiente. Entre essas estão os bairros Entre Rios, Santa Maria 1 e 2, Vila Cruzeiro, Vila Matos, São Cristóvão, Vila Luisa, Nene Graeff, Victor Isler e Integração.
— Fizemos intervenções maiores na bacia do rio Passo Fundo. Foram 18 licenças ambientais para que fizéssemos intervenções em 26 áreas. A maior delas foi no início do Arroio Santo Antônio, que passa por diversos bairros da cidade como Vila Matos, Santa Maria 1 e 2 e Vila Cruzeiro — resume Enílson Gonçalves.
Para o geógrafo da pasta, Glauco Polita, as inundações são reflexos da urbanização da cidade que diminuiu a capacidade de absorção das águas. Assim, cabe às autoridades repensar formas para absorção das águas, para que tragédias como a do ano passado nao se repitam em Passo Fundo.
— Temos na cidade dois principais rios, e as avenidas são os divisores das águas. Saindo delas, o relevo é de aclive, com baixadas, e todas têm corpos hídricos que rapidamente sobem. E nossa capacidade de absorção diminuiu porque a cidade cresceu, é reflexo da urbanização. Mas agora pensaremos diferente, em novas estratégias — resume Polita.
Após as chuvas, há um itinerário nos pontos críticos, para ver como os rios se comportaram. Também foram instaladas quatro barreiras no Rio Passo Fundo que coleta os lixos e resíduos, impedindo que percorram os leitos. Conforme a secretaria, já chegaram a ser retiradas 2 toneladas de sujeira nos períodos mais intensos, e que agora a média é de 600kg.
As mesmas áreas que geram atenção dos rios são os locais onde há residências que sofrem com alagamentos. No ano passado, o bairro Entre Rios foi o mais atingido, quando o leito do rio Passo Fundo transbordou e tomou a maioria das residências. No último dia 4, alguns moradores precisaram deixar suas casas novamente, mas houve maior organização.
— Tivemos dois fatores diferentes: a quantidade de chuva num mesmo dia não foi nada parecida com o resto do Estado; e agora fomos ágeis, chegamos nas famílias antes do problema acontecer. Porque dá outra vez a chuva chegou primeiro aqui, e agora tivemos tempo pra alertar a todos — avalia o secretario de Cidadania e Assistência Social (Semcas), Rafael Bortoluzzi.