Mesmo após atraso na semeadura, plantas verdes e viçosas dão ânimo a produtores no norte gaúcho
Depois de três anos de estiagem, o cenário é de otimismo nas lavouras gaúchas. A última projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), publicada em 10 de janeiro, prevê aumento de 68% na produção de soja para o RS em 2024, volume que deve chegar a 22 milhões de toneladas.
A chuva intensa em 2023 tem papel fundamental: com uma primavera e verão mais chuvosos do que na safra anterior, a soja se desenvolve bem na região de Passo Fundo, no norte gaúcho. No campo, já é possível ver a mudança na prática. Segundo o gerente regional da Emater em Passo Fundo, Dartanhã Vecchi, as lavouras visitadas nesse ano estão muito diferentes das vistas no mesmo período de 2023.
— No ano passado nós observávamos lavouras com plantas morrendo devido à falta de umidade e de chuva. Nesse ano, dá para ver que as plantas estão numa boa condição sanitária e um bom desenvolvimento vegetativo — afirmou Vecchi.
Ver a lavoura saudável dá ânimo aos agricultores. Um exemplo é o agricultor Neivo Menegotto, de Passo Fundo, tem expectativa de boa colheita. A safra é fundamental para ajudar nas perdas registradas em outra cultura que ele planta: o milho.
— Esperamos colher uns 70 ou 80 sacos por hectare. Se vier uma safra boa fica melhor para todo mundo, na verdade — diz Menegotto.
Os irmãos Jorge e Juarez Penz, que plantam cerca de 200 hectares em Ernestina, também olham para lavoura com otimismo. Na última safra, o cenário era bastante preocupante e a sensação era de impotência ante a escassez de chuvas.
— Hoje a diferença é muito, mas muito grande. As plantas estão muito mais verdes, viçosas. Até as primeiras folhas da soja, os primeiros trifólios estão verdes, nutrindo. Em comparação com o ano passado, quando nós íamos olhar, estavam murchas — compara Juarez.
As chuvas dos últimos meses foram benéficas para o desenvolvimento das lavouras de soja, mas ao mesmo tempo causaram dores de cabeça aos produtores. De outubro a dezembro, as precipitações intensas atrapalharam o plantio e atrasaram a semeadura na terra.
O processo, que deveria começar em outubro, só chegou a 99% do plantio dos quase sete milhões de hectares das lavouras gaúchas em janeiro, segundo a Emater. Agora, agricultores voltam a atenção para doenças que podem ganhar espaço por causa da umidade.
— Esse ano traz preocupações em relação à ferrugem asiática e várias outras doenças que têm afetado as lavouras pelo excesso de umidade. Por isso o produtor deve estar sempre com o monitoramento em dia, fazendo os tratamentos e seguindo as recomendações agronômicas — frisa o gerente regional da Emater.
Com a chuva e umidade, os irmãos Penz trabalham para evitar problemas. Desde o início da plantação até a primeira metade de janeiro já foram duas aplicações de fungicidas, além de investimentos em outros pontos que garantam a saúde das plantas.
— Fizemos investimento bom em perfil de solo, em cuidado com doenças e cuidado com pragas — pontuou Jorge Penz.