A Polícia Civil apreendeu 20 quilos de pasta base de cocaína encontrados escondidos entre um carregamento de bananas em um caminhão com origem no litoral de Santa Catarina. A operação, intitulada Terceira Dimensão, foi deflagrada na sexta-feira (12) pela Delegacia de Represssão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo, no norte do Estado, e resultou ainda em dois presos em flagrante.
De acordo com o delegado Diogo Ferreira, titular da Draco, os 20 tijolos da substância ilícita equivalem a um montante de R$ 2,5 milhões e, segundo a sua investigação, a droga teria como destino um consórcio de traficantes da cidade de Passo Fundo.
O delegado destaca que a Terceira Dimensão é uma operação desdobrada de ações anteriores e que monitorava o alvo há 20 dias. Com informações obtidas pela Draco, constatou-se que o caminhoneiro fazia duas viagens por semana para buscar bananas em Santa Catarina — e, por vezes, o caminhão também trazia drogas.
— Com investigação e usando algumas técnicas, sabíamos pelas rotas quando ele trazia droga e quando não trazia. Então, ficamos monitorando e, ontem (12), analisando todos esses fatores, decidimos fazer a abordagem, sabendo, por observação dos locais que ele havia ido, que ele havia pego a droga — relata Ferreira.
Agora, o caminhão, avaliado em R$ 500 mil, está recolhido ao pátio do Detran e, segundo o titular da Draco, foi solicitado junto ao Poder Judiciário que a carga de bananas seja doada para entidades sociais da cidade. A carga de droga deverá ser incinerada nos próximos dias.
Soltura
O motorista e o ajudante que estavam no caminhão com a carga de drogas, ambos moradores de Passo Fundo, foram detidos, apresentados na delegacia e recolhidos ao presídio, mas soltos oito horas após a prisão.
Tanto o delegado que investiga o caso quanto a promotoria pediram a prisão preventiva do condutor do veículo que transportava a carga, mas ele teve a liberdade provisória concedida para responder às acusações.
A decisão, obtidajunto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJ-RS), foi emitida pelo juiz Alan Peixoto de Oliveira, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Passo Fundo, que determinou:
“… não se mostra evidente e segura a presença de fundamento autorizador para a prisão preventiva, nos termos em determina o art. 312 do CPP. Isso porque, em que pese a gravidade do delito, não há elementos que comprovem de forma suficiente, a habitualidade na conduta criminosa em tese praticada. Além disso, o flagrado não ostenta antecedentes criminais. Dessa forma, verifica-se que não há risco concreto de reiteração delitiva por parte do flagrado, motivo pelo qual não se mostra adequada e proporcional, neste momento, a decretação da prisão preventiva, ausente a demonstração objetiva do risco à ordem pública”.
O titular da Draco, Diogo Ferreira, afirmou que decisões judiciais se cumprem e se respeitam, mas lamentou a soltura do caminhoneiro, que ele afirma ter ligação societária com a transportadora responsável pelo veículo:
— Quinze dias de monitoramento específico do alvo, de investigação, com no mínimo 14 horas de trabalho ininterrupto, desde o início da madrugada de sexta-feira, até o final do dia, e os caras foram soltos. É um valor elevado de droga, com indivíduos vinculados a facções criminosas e a investigação mostrou que ele já tinha feito outras viagens. Causa perplexidade, porque a gente começa a pensar: o crime compensa. Por que não pode manter preso até a conclusão do inquérito? Sempre ficam essas perguntas.
A operação Terceira Dimensão, segundo Ferreira, seguirá, pois ainda é necessário descobrir quem eram exatamente os destinatários da droga em Passo Fundo e, também, qual é a origem da mesma.
Contatada por GZH após os comentários do delegado, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça informou que o juiz n manifestará sobre processo em andamento