No Rio Grande do Sul, apenas quatro pessoas vivem com o aparelho; a paciente de Ijuí é uma delas
Março será sempre lembrado como um mês especial para a aposentada Juçara Silva, moradora de Ijuí, no noroeste do Rio Grande do Sul. Há seis anos, a paciente recebeu um coração artificial que funciona fora do corpo.
O aparelho que ela carrega em uma bolsa foi a única alternativa para que pudesse viver, já que, por outras complicações de saúde, não tinha condições de passar por um implante.
— As pessoas na rua nem imaginam que a minha vida está dentro de uma bolsa, onde eu carrego um coração artificial. Com ele, eu tenho uma vida quase normal. Eu sou muito abençoada por ter esse aparelho e por essa sobrevida de seis anos — comemora a paciente.
Há 20 anos, Juçara descobriu que tinha doença de Chagas, um problema que evoluiu para uma insuficiência cardíaca grave e deixou o coração enfraquecido. Na época, a expectativa de vida dela era de apenas seis meses.
A aposentada chegou a ficar internada por 45 dias em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva até conseguir ser transferida para o Hospital de Clinicas de Porto Alegre e, depois, para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde realizou a cirurgia com médicos canadenses.
Na manhã deste sábado (16), a aposentada, juntamente com amigos, familiares e parte da equipe médica, que inclui profissionais de Ijuí e de Porto Alegre, comemoraram no Hospital de Clinicas de Ijuí o sucesso da cirurgia.
Juçara recebeu um HeartMate, que funciona como uma espécie de bomba que auxilia no funcionamento do coração. No Rio Grande do Sul, apenas quatro pessoas vivem com o mesmo dispositivo que funciona com uma bateria.
A médica Livia Goldraich, que é cardiologista e coordenadora do Programa de Transplantes Cardíacos e Dispositivos do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, acompanha o caso de Juçara. Ela explica que o dispositivo não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e que só foi possível realizar o implante sem custo para a paciente por causa de um programa filantrópico do Hospital Sírio Libanês.
— Essa tecnologia já é uma realidade nos países desenvolvidos, mas aqui no Brasil ainda não. O ponto principal para o paciente ter acesso ao dispositivo é o diagnóstico de insuficiência cardíaca grave e ser encaminhado para um centro de referência para disponibilizar o implante ou o caminho para isso — explica a médica.
Depois ter a chance de uma vida nova, Juçara quer mostrar que é possível se superar e servir de esperança para quem tem o mesmo problema.
— Eu tenho gratidão pelo aparelho, pelas pessoas que lutaram por mim. Eu passei por vários momentos que era difícil de sobreviver, mas eu sou a prova que vale a pena lutar — finaliza emocionada a paciente.
Fonte : GZH Foto : Reprodução RBSTV / Divulgação