Atleta foi detido por desacato, segundo a Brigada, que vai investigar ação de policial
A detenção de um jogador pela Brigada Militar da SER Cruz Alta em Gramado, após partida pela Série B do Gauchão no domingo (12), ganhou novo capítulo nesta quarta-feira (15). Um vídeo mostra um policial acertando um tapa na cabeça do atleta, mesmo ele já algemado, sentado no banco de reservas e cercado por sete PMs. Ele teria desacatado a ordem de prisão, motivada por ofensa feita ainda durante o jogo.
— Usaram força como se eu fosse bandido. Não entendi — afirmou o jogador a GZH, pedindo para não ter o nome revelado.
Consultado pela reportagem, o capitão Marcelo Montini, comandante da BM de Gramado, enviou uma resposta:
— Com relação aos fatos, será instaurado procedimento administrativo investigatório, a fim de apurar a conduta adotada pelos policiais militares.
No final da partida em que o Gramadense venceu a SER Cruz Alta por 4 a 0 e se classificou para as semifinais da Série B do Gauchão, aconteceu uma confusão que começou aos 35 minutos do segundo tempo, quando a bola saiu para lateral em direção aos policiais.
Nesse momento, segundo a Brigada Militar, o atleta do Cruz Alta teria ofendido os PMs, supostamente por terem retardado a devolução da bola. Diante disto, a BM informou à comissão técnica do clube de que, ao fim da partida, o jogador seria notificado.
Após o apito final, a Brigada Militar teria ido até o vestiário do Cruz Alta para registro da ocorrência. Segundo o relato do jogador, houve excesso de força na ação policial. Os colegas de time tentaram intervir e a confusão aumentou. Jogadores e comissão técnica afirmam que um PM deu dois tiros de bala de borracha em direção ao chão, próximo aos pés do treinador.
Em um comunicado à imprensa, horas depois do fato, a BM informou que houve desacato por parte do jogador. Após desobedecer ao chamado da polícia, o atleta teria tentado fugir, fato que teria feito com que a guarnição reagisse. A nota cita também que a reação coletiva de atletas fez com que um grupo da Força Tática fosse acionado.
Em entrevista a GZH na terça (14), o jogador diz não lembrar o que falou aos PMs na partida:
— Só peguei a bola na hora, ele não a alcançou para mim. Quando terminou o jogo, os brigadianos vieram em minha direção. Levantei as mãos e sem entender nada eles usaram a força excessiva. Começaram a dar tiros de borracha.
Sob protestos da delegação da SER Cruz Alta, o jogador foi algemado e preso. Em seguida, ele foi encaminhado para o hospital para a realização de exames e, posteriormente, até a delegacia. Conforme o atleta, os ânimos estavam mais calmos na delegacia.
— Depois que os ânimos se acalmaram, um policial até me pediu desculpas e deu uns conselhos, entendeu que foi por causa do jogo. Só foi desnecessário usar a força e sair algemado do campo. Simplesmente por falar um negócio no calor do jogo.
No dia 12 de novembro de 2023, por volta das 17h, na rua Leopoldo Tissot, estádio da Vila Olímpica, bairro Várzea Grande, em Gramado, durante a partida, o atleta da equipe do Cruz Alta desacatou um Soldado da Força Tática, com palavras de calão. A guarnição informou ao técnico do clube, bem como ao delegado da partida, de que ao término do jogo, o jogador responsável pelas ofensas fosse apresentado para confecção da documentação pertinente.
Ao final da partida, o jogador em questão foi chamado pela equipe policial, momento em que tentou evadir-se para o interior do vestiário, desobedecendo as ordens emanadas, ato contínuo, passou a resistir ativamente contra a equipe, sendo necessário o uso da força para contenção do jogador, momento em que a equipe do Cruz Alta investiu contra a equipe de Forca Tática.
Diante dos fatos e pelo tumulto causado no local, foi necessário remover o jogador do ambiente, sendo o mesmo encaminhado ao hospital para realização de exame de lesões e posteriormente a delegacia de polícia para registro, onde foi lavrada a ocorrência.