Acusado enfrenta júri popular pelas mortes da irmã e de um cunhado em Capela de Santana - Agora Já -

Acusado enfrenta júri popular pelas mortes da irmã e de um cunhado em Capela de Santana



Arnoldo Stroher Neto sentará no banco dos réus na segunda-feira, pouco mais de dois anos depois de ter assassinado familiares a facadas em Capela de Santana

Foto: Lucas Bitello e Maria Liciane foram mortos a facadas por Arnaldo em 2022. Arquivo Pessoal / Reprodução
29 de abril de 2024

Mais de dois anos depois de um duplo homicídio mudar a história de uma família em Capela de Santana, no Vale do Caí, o homem apontado como responsável pela tragédia será julgado. Nesta segunda-feira (29), no Fórum de Portão, o réu reencontrará no Tribunal do Júri as pessoas que mais foram abaladas pelo crime: sua própria família.

Arnoldo Stroher Neto é acusado de ter matado a facadas sua irmã, Maria Liciane Stroher, 35 anos, e o cunhado de ambos, Lucas Rieth Bitello, 36, em 14 de janeiro de 2022. Todos eles moravam na mesma chácara em Capela de Santana, onde o crime aconteceu.

Luciane Stroher, irmã do réu e de Maria Liciane, contou que o pai deles morreu no ano passado, ainda em meio à dor da perda:

— O pai faleceu de tristeza, em julho. Teve um infarto fulminante, chorava dia e noite, perdeu a vontade de viver. A mãe vive abaixo de remédio. Ainda é muito difícil.

Luciane disse que a família não quis manter contato com Arnoldo, e que todos têm o mesmo posicionamento.

— Queremos que ele seja condenado à pena máxima. Para que as crianças possam crescer sem medo — diz Luciane, referindo-se aos sobrinhos, um filho de Liciane e três de Lucas, que presenciaram os assassinatos.

Todos moravam na chácara, em casas divididas entre os irmãos Arnoldo (o acusado), Maria Liciane (uma das vítimas), Luciane e Lusiane, que vivia com o marido Lucas, também morto. Além deles, lá moravam os pais dos quatro irmãos.

Segundo Luciane, não havia histórico de violência ou brigas na família, mas, segundo ela, o irmão era uma pessoa “difícil de lidar”.

— Ele odiava o time rival e o político da oposição. A gente tinha medo que ele brigasse na rua, que machucasse algum estranho, mas a gente nunca imaginou que as vítimas seriam a gente — relata.

O crime

Era uma manhã de sexta-feira quando alguém escreveu no grupo de WhatsApp da família que Arnoldo estava “desaforando” o cunhado Lucas. O estopim para a revolta de Arnoldo teria sido a construção de uma cerca, segundo Luciane. A esposa de Lucas teria pedido para o marido erguer a cerca entre a casa deles e a de Arnoldo, para evitar que uma vaca do irmão derrubasse um poste.

O animal, criado pelo acusado, costumava enrolar a corda que o amarava em um poste de luz de madeira muito próximo à casa de Lusiane e Lucas. A mulher temia que o vergalhão caísse em cima da residência.

Lucas atendeu o pedido, irritando o cunhado. Luciane conta que Arnoldo teria pego uma faca, sem que ninguém percebesse. Por ali estavam Arnoldo, a mãe e Lucas, com os filhos – duas meninas gêmeas de 12 anos e um menino de seis.

Uma das gêmeas saiu para chamar a avó, para que ela controlasse Arnoldo. Lucas permaneceu dentro da casa, para evitar confrontos, até que a filha voltou com a avó e ele julgou seguro ir para fora. Quando saiu, o cunhado o teria esfaqueado várias vezes.

Já Maria Liciane chegava com o filho de 10 anos. Desesperada, segurou o irmão pelas costas. Em depoimento, o próprio acusado contou que não viu quem o segurou, mas, mesmo assim, golpeou a pessoa.

Liciane foi atingida no abdômen. Lucas teve ferimentos graves no abdômen, peito e pescoço, além de diversos cortes nas mãos, que tentou usar para se defender.

Após o ataque, o próprio Arnoldo ligou para a Brigada Militar, confessando o crime. Os familiares chamaram socorro. Lucas morreu no local. Liciane chegou a ser levada para o Hospital Montenegro, onde foi submetida a uma cirurgia, mas também não resistiu aos ferimentos.

As vítimas

Lici, como Maria Liciane era conhecida, era dona de casa, apaixonada por crianças, pelos sobrinhos.

— Fazia pizza e cachorro-quente e colocava no grupo da família: “vem criançada”. Amava festa, sempre disposta, para ela não tinha tempo ruim — conta Luciane.

Lucas era vigilante da prefeitura, assim como o cunhado Arnoldo. Luciane conta que foi Lucas quem pagou para Arnoldo fazer o concurso público, no qual passaram juntos. Ela define o cunhado falecido como “um cara da paz.”

— Era uma pessoa prestativa, era bombeiro voluntário. Dizia sempre que a família estava ali para se ajudar. Nunca gritou com nenhuma criança, nenhum adulto — diz Luciane.

Contraponto

A Defensoria Pública, responsável pela defesa de Arnoldo Stroher Neto, afirmou que irá se manifestar só no júri.

Fonte : GZH 
Foto : Arquivo Pessoal / Reprodução

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