Retrospecto da competição enfatiza importância de triunfar fora de casa
O Grêmio tem um dilema a resolver com mais dois meses de Brasileirão pela frente. O desempenho do time longe da Arena é o que impede uma arrancada para encostar no líder Botafogo, que tem patinado nos últimos jogos. Até a 25ª rodada, e com um Gre-Nal pela frente, o Tricolor é apenas o 11º melhor visitante da competição. Uma lógica que precisará ser revertida nos sete jogos restantes fora de casa para que o sonho de título ainda seja possível.
Após o empate em 1 a 1 com o time reserva do Fortaleza, no sábado passado, o técnico Renato Portaluppi reconheceu que o Grêmio não consegue manter o mesmo nível de atuações da Arena quando joga fora de Porto Alegre. O resultado adverso ampliou a sequência para oito partidas consecutivas sem vencer como visitante.
— Faz parte. O rendimento, a gente tem de ver bem quem a gente enfrenta e onde. Dentro da Arena, o Grêmio é mais intenso. Mas fora de casa a gente enfrenta adversários que também buscam algo no campeonato, não tem jogo fácil. Não jogamos tão bem, mas este ponto fará diferença lá na frente — projetou o técnico.
O fator local sempre foi tratado como questão prioritária no Brasileirão por pontos corridos. Mas uma análise mais detalhada das últimas edições aponta que o diferencial entre G-4 e postulantes ao título é o rendimento fora de casa. Desde 2011, o campeão foi o time com melhor aproveitamento como visitante.
Bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro em 2013 e 2014, Marcelo Oliveira vê o campeonato como uma disputa por regularidade. A receita das conquistas, na avaliação do técnico, é essa mescla de força como mandante e eficiência nos jogos longe de casa.
— Tivemos dois títulos acima da curva. O meu conceito é que, para ganhar o Brasileirão, precisa de regularidade. E isso é você ter um aproveitamento alto em casa, fazer valer o apoio da torcida, e ter uma pontuação alta contra times que não disputam o título. Tem de fazer seis pontos contra os clubes que brigam fora do G-6. Uma vantagem de sete pontos não é fácil. Mas, no caso do Botafogo, acredito que a produção deles dá margem para pensar — comentou.
Para o treinador, a dificuldade para se jogar como visitante no Brasileirão passa por dois pontos. Um fator dentro das quatro linhas e outro que vem de fora do campo.
— A diferença, na minha opinião, é o costume com o gramado. Os pontos de referência do campo. E um time com torcida forte ajuda. Não atrapalha o visitante, mas apoia e impulsiona o time da casa. O jogador de futebol sabe que será cobrado. Então, se doa e dá tudo que tem. Uma torcida que apoia faz o fator local valer — apontou.
Uma explicação debatida internamente no Grêmio para as dificuldades da equipe é a proposta de jogo do time. Renato se mantém fiel ao mesmo modelo ofensivo que o levou aos títulos pelo clube, mesmo que reconheça que uma outra estratégia poderia tornar a equipe mais adaptada a combater os adversários.
— Muitos jogadores não têm a característica de marcação. Como gosto da bola, e de jogar para a frente, é um risco que corremos. Poderia tirar dois atacantes, colocar mais dois jogadores de marcação e vamos ter a intensidade. Se contarem nos dedos, verão duas equipes que jogam tão ofensivamente quanto o Grêmio. Deixamos espaços por sermos ofensivos — reconheceu.
Essa busca pelo equilíbrio é a missão dos próximos jogos do time de Renato. Além do Gre-Nal no domingo, o Grêmio ainda jogará fora de casa contra São Paulo, América-MG, Coritiba, Botafogo, Atlético-MG e Fluminense