Transição para o La Niña deixará o tempo mais seco no Estado, segundo meteorologistas. Região Metropolitana, Serra, Nordeste, Norte e Centro costumam contabilizar entre 400 e 500 milímetros de acumulado no período. Mudança na estação ocorre às 17h51min de quinta-feira (20)
O inverno gaúcho terá volta à normalidade na média de chuva e tendência de frio potencializado pela transição para o La Niña. A estação começa às 17h51min de quinta-feira (20) e continua até 22 de setembro. O cenário será resultado da perda da força do El Niño – aquecimento anormal do Oceano Pacífico equatorial – que influencia no tempo do planeta desde 2023.
Esses fatores farão com que os registros de chuva fiquem próximos ao esperado, ainda que variem entre abaixo e acima das médias climatológicas, segundo Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo.
— A partir do inverno e do segundo semestre, os eventos extremos têm tendência de não ocorrerem com a frequência que vimos em 2023 e 2024. A transição para o La Niña fará com que a chuva fique dentro da normalidade no inverno — resume.
A maior parte do Estado costuma contabilizar entre 400 e 500 milímetros de chuva no inverno – o que inclui a Região Metropolitana, Serra, Nordeste, Norte e Centro. São esperados volumes entre 300 e 400 milímetros em municípios do Sul, Campanha, Noroeste e Fronteira Oeste na estação. Na região de Uruguaiana, na fronteira com a Argentina, costuma chover entre 200 e 300 milímetros no período.
A previsão da Climatempo indica chuva abaixo da média em pontos do Oeste e Norte. Em Passo Fundo, por exemplo, deverá chover menos do que os registros históricos para o período, que são 163 milímetros em julho, 130,8 em agosto e 165,5 em setembro.
Volumes acima das médias poderão ocorrer no Sul em julho; em Rio Grande, portanto, é esperado mais que 121,9 milímetros no próximo mês. Em agosto, a expectativa é de chuva acima da média na metade Leste do RS; Porto Alegre, assim, deve registrar quantidade superior aos 120,1 milímetros projetados para o mês.
— Tipicamente, esse fenômeno (La Niña) diminui a chuva no Rio Grande do Sul. A gente tem as precursões mais rápidas das frentes frias, e isso provoca menos chuva. Tem menos aporte de umidade também, em relação ao transporte de umidade da Amazônia. Ela vem com menos frequência e menos intensidade, e aí tipicamente a gente tem uma condição de tempo mais seco — explica Murilo Lopes, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
O risco de chuva volumosa e persistente diminui ao longo da estação, mas ainda há possibilidade de ocorrências entre agosto e setembro.
Além de mais seco na comparação com o outono, a expectativa da Climatempo é que a transição para o La Niña faça o inverno gaúcho ser mais frio em algumas regiões.
— Julho e agosto deverão ser os meses com menor temperatura por conta do ingresso de frentes frias. Não se descarta neve em pontos altos da Serra e geada tardia no segundo semestre. Esse inverno será mais frio na comparação com o ano passado — acrescenta o meteorologista da Climatempo.
A temperatura mais baixa é esperada para Serra, Região Metropolitana e Campanha, onde a média dos registros máximos varia entre 18ºC e 20ºC. Pontos do Extremo-Sul e Campos de Cima da Serra são os com a menor climatologia no período – entre 16ºC e 18ºC. Centro, Noroeste e Norte costumam ter máximas médias entre 18ºC e 20ºC. Áreas do Sul e Oeste devem ter temperatura abaixo da média entre julho e agosto por conta da frequente chegada de ar frio polar à região.
Um boletim do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), publicado na última quinta-feira (13), informou que as condições de temperatura na superfície do Oceano Pacífico estão voltando à média climatológica, após um ano de elevação. Isso significa o fim do El Niño no Brasil. No documento, o órgão previu a chegada do La Niña para o segundo semestre de 2024.
— O La Niña deve começar na segunda metade do inverno. Contudo, a gente não vai ter muita influência direta do La Niña agora no inverno. Como esse fenômeno vai se estabelecer agora, a gente tem um processo mais lento de resposta da atmosfera, e a gente vai sentir os efeitos apenas no começo da primavera — pontua Lopes.