Iniciativa de companhia garante privacidade aos abrigados, segundo proprietário, e já recebeu elogios
Como boa parte da população do Rio Grande do Sul nestes momentos difíceis, o empresário e engenheiro Marcio Alves, proprietário da empresa ISOMAF, especializada na fabricação de poliestireno expandido (EPS) em Sapucaia do Sul, na região metropolitana, foi pego de surpresa em razão da enchente. Com a água invadindo o município, assim como tantos outros, e aos poucos quebrando as cadeias de negócios pelo estado, destruindo estradas e ceifando vidas, Alves transformou aos poucos a frustração em solidariedade.
Ele gestou uma solução em tempo recorde, com caráter relativamente simples, e que já está ganhando tração e confiança. Trata-se de estruturas modulares, utilizando esta mesma matéria-prima, com divisórias para separar famílias abrigadas em um local em comum. A empresa, assim, utilizou a expertise que já possuía com as parcerias de outras companhias. “Foi uma mobilização muito rápida”, conta Alves. “Via aquelas imagens de pessoas amontoadas, com cachorros, crianças, e aquilo me destruía”.
Alves, então, conta que procurou o amigo Richard Puglia, da IPF, de Campo Bom, no Vale do Sinos, fabricante de molduras com o mesmo material, e o apoio foi imediato. “Perguntei o que ele achava de cada um tentar desenvolver alguns módulos com EPS, e ele concordou. Levamos a ideia à Prefeitura, que achou espetacular”, prosseguiu Alves. Isto foi no último dia 8, e na sexta seguinte, a produção iniciou. Na segunda, houve a instalação em apenas quatro horas no ginásio da Escola Municipal Otaviano Silveira, bairro Fortuna, que abrigava, na ocasião, conforme ele, cerca de 400 pessoas.
Mais do que somente relativizar os espaços de cada família no abrigo em questão, o projeto, que já teria recebido elogios até da secretaria estadual de Habitação e Regularização Fundiária, em visita a Sapucaia do Sul nesta semana, traz privacidade a elas, na visão do empresário. O material tem tratamento especial e é resistente a chamas. “Fomos muito afetados, tanto na parte de logística, porque não conseguimos receber encomendas de insumos e comercializar nossos produtos, quanto inclusive por nossos funcionários, os quais alguns precisamos conceder férias. Este material é leve, de grande resistência e de fácil montagem”, contou ele.
O único entrave, no momento, é que o material não pode permanecer exposto em ambientes externos, porém a empresa está desenvolvendo uma tecnologia que deve permitir isto. Alves conta que a companhia também já tem material suficiente para instalar de maneira imediata os módulos em ao menos um abrigo com 200 pessoas na região, em razão da própria dificuldade de deslocamento. “Também queríamos ajudar as pessoas de alguma forma. De início, pensamos que é uma ajuda pequena, mas o resultado é gigante”, encerrou o empresário.