No último jogo, Coudet reclamou das críticas e pediu mais apoio das arquibancadas
Poucas horas se passaram entre o desabafo de Eduardo Coudet, cobrando mais apoio e menos insultos dos torcedores do Inter, até o anúncio do clube dando acesso livre aos sócios para o duelo desta quarta-feira (1º), contra o Juventude, no Beira-Rio. A nota publicada ainda na madrugada após o empate contra o Atlético-GO indicou um claro propósito: recuperar a sinergia entre time e torcida, arranhada com o desempenho recente da equipe.
Diante do time da Serra, justamente o rival que deu início a essa ebulição toda na semifinal do Gauchão, a expectativa é de um melhor ambiente. Chacho cobrou, citou os anos sem conquistas como justificativa para a impaciência e até cogitou ser ele o “problema”. Críticas que despertaram o questionamento: as cobranças do torcedor do Inter no Beira-Rio são exageradas?
— É inegável que há um ambiente pesado, especialmente por conta dos anos sem título e de fracassos/eliminações recentes no Beira-Rio. Mas Coudet, desta vez, errou ao falar sobre a torcida e seu comportamento. Eu estava no jogo contra o Atlético-GO e não vi nada demais. Ele pegou 20 ou 30 torcedores mais exaltados, que estavam gritando nos seus ouvidos, e adjetivou toda a torcida — avalia Vaguinha, comentarista identificado com o Inter da Rádio Gaúcha.
Desde as semifinais do Gauchão, com a frustrante eliminação nos pênaltis para o Juventude, o Inter disputou sete partidas e venceu três — Bahia e Palmeiras, pelo Brasileirão, e Delfín, na Copa Sul-Americana. Além do duelo com o Goianiense, o Colorado também empatou com Belgrano e Real Tomayapo e perdeu para o Athletico-PR. Não é um aproveitamento tão baixo (57%), contudo está aquém das expectativas criadas pela torcida, cada mais obcecada por um título.
Para Lelê Bortholacci, comunicador da Rádio Atlântida e colorado, o debate é mais complexo. Embora Coudet tenha chegado ao Inter pela primeira vez em 2020 e atuado no Atlético-MG, no ano passado, o treinador precisaria entender o contexto do futebol brasileiro.
— Não acho exagerado. É cultural. Torcedor brasileiro é diferente do argentino, onde Coudet se criou, e só quer saber de ganhar. Apoio das arquibancadas é consequência direta da postura do time em campo, e os resultados atuais refletem no murmúrio da torcida no estádio. Na Libertadores do ano passado, era o contrário — destacou.
O apoio incondicional é algo clássico na cultura do futebol argentino, onde se criou Coudet. Por lá, a “turma do amendoim” ou “cornetinhas” são coisas raras. O que prevalece é a participação ativa dos torcedores, com alento durante os 90 minutos das partidas.
Por Platense, Rosario Central, San Lorenzo, River Plate ou Colón, como jogador, Chacho certamente foi apoiado com bola rolando em todos os jogos. O mesmo também valeu para quando foi treinador do Central e do Racing. No país vizinho, críticas também são feitas, como em qualquer outro contexto, mas após o apito final.
No Inter e no Atlético-MG, assim como é a cultura do futebol brasileiro, os aplausos e as críticas foram baseados nos resultados. No Galo, nem mesmo a conquista do título mineiro impediu de Coudet ser cobrado durante os jogos.