O 3º Batalhão de Polícia da cidade tem um dos canis mais antigos do RS
O 3º Batalhão de Polícia de Choque (3° BPChq) de Passo Fundo conta com uma força especial em quatro patas: desde 1979, o canil da corporação treina e coloca em ação cães das mais diversas raças para auxiliar no trabalho dos policiais.
Atualmente o lugar conta com 12 animais, sendo nove já no trabalho de rua e outros três em treinamento. Conforme a Brigada Militar, somente no ano passado foram mais de 30 prisões com o emprego dos cães, a maioria relacionada ao tráfico de drogas na região.
Os números reforçam a importância da relação entre homem e animal no combate ao crime organizado, conforme aponta o comandante do 3° BPChq, tenente coronel Rogério Schmidt Navarro. Segundo ele, os animais são empregados principalmente em operações contra o tráfico de drogas, mas também em apoio a outras instituições como a Polícia Federal e a Polícia Civil.
— Não é somente questão de treinamento, mas também um conjunto de outras questões, como a manutenção da saúde do cão e do próprio policial. Tem que ser um trabalho integrado entre os dois para que se tenha o resultado esperado — disse.
Além do trabalho policial, os animais do 3°BPChq também realizam atividades lúdicas e recreativas em escolas. No ano passado, pelo menos 1 mil crianças participaram das atividades.
A grande maioria dos animais chega ao canil do 3°BPChq através de doações. Antes de serem enviados para o batalhão, os cães passam por uma avaliação da polícia. Foi o que aconteceu com a “Bonnie”, uma pastor-belga-malinois, hoje com dois anos.
— Testamos os impulsos dela ainda na fazenda onde estava, em Rio Pardo, e vimos que ela já tinha uma predisposição para o treinamento de faro para detectar drogas — explica o soldado Estevão Soares, que é o “humano” de Bonnie.
Os cães geralmente são divididos em dois grupos: buscas, para ocorrências ligadas à procura de fugitivos do sistema prisional, por exemplo; e faro, para a apreensão de drogas. Por isso, um mesmo policial pode ter mais de um companheiro de equipe.
É esse o caso do soldado Ronaldo Bairros. Com pelo menos 15 anos de experiência, ele é responsável pelo “Choco”, um labrador, e pela “Fox”, outro pastor-belga. Segundo o policial, a relação com o cachorro precisa ir muito além da frieza do trabalho: é como um “companheiro de futebol”.
— Começo a ver os movimentos dele e ele (Choco) faz a leitura dos meus movimentos, e assim ficamos cada vez mais ligados. Tudo se torna mais fácil quando criamos esse vínculo. Hoje eles praticamente minimizam a dificuldade do nosso trabalho em 90%. Eu posso estar em um local onde uma droga está enterrada e passar por ela, mas por eles não passa nada — conta.
O treinamento dos animais dura cerca de dois anos. Quanto aos policiais, todos passam por um curso dentro da corporação, caso optem em fazer parte do serviço. Mas, assim como um trabalhador humano, os cães também podem se “aposentar”. Dependendo da condição de saúde do animal, o tempo de serviço varia de oito a nove anos. Quando chega o fim do serviço se aproxima, o policial tem prioridade para adotar o “colega de trabalho” ou doá-lo a um novo tutor.
— Não tem como não ficar com um aperto no coração. Nosso companheiro de trabalho de tantos anos. Mas a gente sempre busca o melhor para eles, doando para uma pessoa que tenha condições de proporcionar um ambiente sadio — finaliza Bairros.