Família se despede de Luiz e Fábio Brollo na manhã desta segunda-feira (1); sepultamentos devem acontecer antes do meio-dia
Um homem calmo, de poucas palavras e disposto a ajudar a comunidade: assim vai ser lembrado Fábio Júnior Brollo, 44 anos, morto durante assalto ao mercado que era proprietário em Muliterno, no norte gaúcho, na manhã de domingo (31). Ele e o pai, Luiz Sobrinho Brollo, 71, morreram ao serem atingidos por tiros pelos assaltantes.
Conforme o sobrinho e afilhado, Diogo Brollo, Fábio havia construído o mercado atual em 2018 depois de trabalhar por anos em um estabelecimento menor. O avô, por sua vez, era o “pilar da família”, conta.
— Meu tio era um cara muito trabalhador. Por anos teve um mercadinho pequeno e simples, até que conseguiu construir o mercado atual com muito suor e trabalho. Ele sempre estendia a mão a quem precisava. Tinha situações em que as pessoas não tinham dinheiro para pagar e ele marcava para depois. Sempre abria aos domingos de manhã para os clientes que precisassem de algo — lembra Diogo.
Luiz, por sua vez, trabalhou desde cedo como agricultor na comunidade de Passo da Raiz, no interior do município. Depois, mudou-se para a cidade, onde exerceu o cargo de secretário de Obras durante um período. Segundo o neto, o homem era conhecido por todos no município e colecionava amizades. Além disso, ajudava o filho no mercado, especialmente no açougue, onde auxiliava na criação dos animais.
— Mesmo com uma idade avançada o vô era bastante ativo, sempre envolvido nas questões do mercado ajudando o Fábio. Não merecia isso, nenhum deles — lamenta o neto.
Diogo conta que acordou ouvindo o pai chorar na manhã de domingo. Ao entender o que havia acontecido, ficou em estado de choque.
— Era impossível acreditar que pessoas que nunca fizeram mal a ninguém tinham sido assassinadas dessa forma. Fui até o mercado e o corpo do vô ainda estava lá. Ainda é difícil de acreditar, faltam palavras nesse momento, mas a justiça precisa ser feita.
No domingo (31), a prefeitura de Muliterno decretou luto oficial de de três dias. É possível perceber a consternação nas ruas da cidade, que tem 1,7 mil habitantes e fica ao lado de municípios igualmente pequenos, como David Canabarro, Ibiraiaras, Ciríaco e Caseiros, no norte gaúcho.
A vizinha da família, Ivone Ferreira Girardelo, usou as palavras “dor de indignação” para resumir o sentimento do município para os assassinatos.
— É difícil achar palavras neste momento de muita dor para a família e toda a comunidade. Aqui a gente é igual família, todo mundo é muito próximo. É uma tristeza muito grande, mistura de medo, pois Muliterno sempre foi uma cidade calma — disse.
Por causa da comoção, o velório de Luiz e Fábio foi transferido para o Ginásio Municipal. Na manhã desta segunda-feira (1º), cerca de 700 pessoas acompanharam a cerimônia de despedida. O sepultamento está previsto para o fim da manhã.
Fábio deixa esposa e uma filha. Luiz deixa a companheira e outros três filhos.
Imagens de câmeras de videomonitoramento flagraram a ação dos criminosos que mataram pai e filho. O trio ingressou no estabelecimento às 8h15min, anunciou o assalto às 8h27min e saiu às 8h36min, depois de atirar contra o comerciante Luiz Brollo Sobrinho, que morreu no local.
Nas imagens é possível ver que Brollo tentou acertar o assaltante com o que parece ser um pedaço de madeira depois que seu filho, Fábio Júnior Brollo, 44, é atingido por um tiro dos assaltantes. Fábio chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho do hospital de David Canabarro.
Um terceiro homem identificado como Afrânio Leonardo Brollo, que também é filho de Luiz, ficou ferido após levar uma coronhada. Ele não corre risco de morte.
A polícia segue com o trabalho de busca pelos três homens envolvidos no crime. Ainda no domingo (31), o carro utilizado na fuga pelos criminososfoi encontrado pela Brigada Militar abandonado no interior do município próximo à BR-285.
— Provavelmente havia outro veículo aguardando. Estamos fazendo diligências para apurar isso, bem como ainda trabalhamos na identificação dos suspeitos. Informações importantes vamos obter junto dos familiares, mas agora temos que dar um tempo para eles — destacou a delegada Taís Neetzow, responsável pela investigação.
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