Gaúcho que mora no Uruguai é alvo da Operação Symbolic; ele é investigado por lavagem de dinheiro e fraudes cambiais
A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira, a Operação Symbolic, com ênfase no combate a fraudes cambiais, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Os crimes foram cometidos no mercado de intermediação de pagamentos para plataformas de apostas e de investimentos no exterior. O principal investigado é um empresário gaúcho que movimentou, entre 2019 e 2023, cerca de R$ 15 bilhões.
O suspeito tem 39 anos e mora em Montevidéu, no Uruguai. Ele é natural de Santana do Livramento, na fronteira Oeste, onde administra cinco empresas. Uma sexta companhia dele tem sede em Curitiba, no Paraná. A PF chegou a prender o executivo em maio do ano passado, durante a Operação Harvest, mas ele foi solto e responde em liberdade.
As diligências nesta manhã ocorreram em Curitiba, Campinas (SP) e São Paulo (SP). Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, além de ordens de indisponibilidade de bens e de valores que atingiram aproximadamente R$ 620 milhões. Três pistolas de calibre 9 milímetros, de uso restrito, foram apreendidas.
As medidas foram expedidas pela 22ª Vara da Justiça Federal em Porto Alegre e tiveram como foco pessoas que auxiliavam nas rotinas das transações financeiras, através de fraudes cambiais. A investigação é resultado da atuação conjunta da Delegacia de Polícia Federal em Santana do Livramento e do Grupo de Investigação para Repressão à Lavagem de Dinheiro e Crimes Financeiros (LAFIN/RS).
De acordo com a PF, o grupo atuava na intermediação de pagamentos vinculados a casas de apostas e plataformas de investimento do exterior, tendo estruturado processos de envio informal de dinheiro ao exterior e de lavagem de dinheiro. A investigação aponta que o empresário gaúcho também atuava junto a comparsas radicados na Argentina e na Espanha.
As remessas de dinheiro ao exterior ocorriam de modo informal ou irregular, via dólar-cabo ou mercado de criptoativos. O esquema contava com um fundo estrangeiro, responsável pela compensação remota de pagamentos no exterior. Paralelamente, os investigados tinham o apoio de uma exchange de criptoativos, ou seja, uma pessoa física para efetuar a remessa de valores ao exterior de maneira informal.
A organização ainda usava o mercado de câmbio formal para documentar o envio do dinheiro para outros países. O objetivo era dar aparência de regularidade às operações. Uma corretora e um banco de câmbio estão sendo investigados por possível envolvimento nesses processos.
Além disso, empresas não diretamente ligadas à organização eram usadas para movimentar parcelas dos recursos de forma a burlar os sistemas de controle e de compliance dos bancos, bem como dissimular essas movimentações financeiras. Há suspeitas de que essas ferramentas de intermediação financeira serviam para a lavagem dos capitais.
Os investigados também reinvestiram, por conta própria, os recursos dos clientes brasileiros, tanto no mercado financeiro formal quanto em criptoativos. As transações foram feitas sem a devida autorização do Banco Central ou dos clientes, e sem qualquer respaldo financeiro de garantia. Como resultado, há inúmeros relatos de pessoas que não receberam seus créditos ou resgates por parte dessas empresas.